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Sábado, 10 Outubro 2020 10:23

Geração 80 unida na morte

Não é habitual de se ver entre nós, tamanha comoção pelo passamento físico de um governante. Os mais velhos talvez dirão que, a morte de Neto, foi mais chorada como qualquer outra. Sim. Disto não há duvidas porque, o contexto político na altura (1979) era dominado pela palavra de ordem "Um só povo, uma só nação".

A "nação", jamais ficaria indiferente a passagem para o além do seu primeiro presidente. Mas hoje, o contexto é diferente.

É marcado pela multiplicidade partidária, onde as vezes, o opositor é visto como rival, inimigo, alguém que mesmo nos seus momentos dolorosos, não merece a nossa comoção, a nossa solidariedade. No entanto, a morte do Luther, jovem, figura importante no MPLA, veio mostrar que afinal, que dentre os "opressores", há ainda aqueles que gozam da solidariedade colectiva.

Não sei se foi pela simplicidade do malogrado ou pela solidariedade geracional, a morte, prematura do jovem Luther Rascova nesta sexta-feira, 09, tocou a muita gente. Até os ditos "revus" e alguns "sentinelas" da governação angolana, não se coibiram em usar das mais diversas plataformas digitais para expressar dor e pesar pela morte de um jovem de quem o país ainda muito esperava.

Essa é a mais preciosa demonstração de que, afinal a solidariedade geracional é um facto e que, na diversidade, podemos caminhar juntos e fazermos bem as coisas. Ver e ler as palavras de sentimentos de pesar de jovens de diferentes quadrantes, em torno da morte de um jovem governante do MPLA, devia servir de recado aos mais velhos de que, essa Angola, cuja terra viu engolir os seus mais celebres filhos, não está perdida. Ainda há futuro.

 Um futuro próspero para todos, faz-se com sentimento.

É, o sentimento pela dor do outro que nos faz reflectir que, não podemos  abocanhar só nós, todos os recursos sem  deixar para os outros. É o sentimento pelo outro que, activa o espírito de partilha, assim como nestes dias difíceis, partilhamos o luto e a dor da família Rascova na sua vasta dimensão.

Vai em paz, Luther. Nós, os da tua geração ( a geração 80), honraremos o teu legado, camarada. ‎

Por António Festos - Jornalista

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