Para analistas ouvidos pelo LusoMonitor, pode ser uma solução para os problemas do país e, ao mesmo tempo, uma maneira de Luanda projetar a sua influência no continente.
Cristina Duarte, ministra das Finanças e Planeamento cabo-verdeana falou, em Luanda na necessidade de 200 milhões de euros para investir em aeroportos. Citada pelo Jornal de Angola, desfiou ainda um rol de outros projetos em que os “kwanzas” seriam bem-vindos: estaleiros navais (200 milhões de euros), terminal de cruzeiros (35 milhões de euros), entre outros.
Para Eugénio Costa Almeida, investigador do CEI – ISCTE-IUL, os investimentos apresentados por Cabo Verde são atrativos. O governo da Praia tem sido “pragmático nas suas relações internacionais e na diversificação dos investimentos externos”. Resta saber “quais as contrapartidas que o FSA exige à Praia”.
“Apesar de todas as críticas que o FSA tem recolhido junto de alguns investidores externos, devido à pouca transparência de quem o domina e gere e de como foi criado, não deixa, também, de ser verdade que a tal necessidade de captar investimentos por parte dos países com menores capacidades de recursos financeiros o tornam apetecível”, disse ao LusoMonitor.
Já hoje, a petrolífera estatal Sonangol é acionista de referência da Enco, maior empresa comercializadora de combustíveis no arquipélago. A empresária Isabel dos Santos, filha do presidente angolano, tem também lançado importantes investimentos, na banca e telecomunicações.
Xavier de Figueiredo, jornalista e analista luso-angolano, sublinha que Angola é um parceiro natural para Cabo Verde. “Dispõe de recursos e são profundas e muito antigas as ligações de todo o tipo existentes entre os dois países”.
A crise na Europa, sublinha, afetou a economia de Cabo Verde, com menos ajuda e menos investimento, e obrigou a uma redefinição das suas parcerias económicas. A alternativa encontrada consistiu em “virar” o país para a sub-região e para a África Austral, embora sem quebra das suas especiais ligações à Europa, Portugal em especial.
Angola “pode fazer as vezes que a Europa deixou de fazer, ainda que só em parte. E fá-lo com vontade própria, por ser uma forma de se projectar ao lado de um país internacionalmente respeitado”.
O Tenente Coronel de Infantaria do Exército Português, professor Doutor Luís Bernardino, sublinha que Angola é agora um parceiro “afro-lusófono” para Cabo Verde capaz de apoiar o seu desenvolvimento infra-estrutural. Para Luanda, a aproximação significa uma diversificação do seu investimento e uma afirmação da sua presença, neste caso económica, na região norte do Golfo da Guiné e no Atlântico sul.
“Significa também que existe já uma reconhecimento e uma atracção dos países africanos para procurarem apoios em Angola, neste caso apoios na vertente económica e investidora, reconhecendo as suas capacidades para se afirmar como gerador credível de negócios e produtor de desenvolvimento no continente africano. Para Angola, representa uma oportunidade de se afirmar num espaço geoestratégico que não conhece, mas que passou a ser do seu interesse vital em face da sua intenção de crescer e posicionar-se como potência regional em ascensão em África…neste caso em Cabo Verde”, disse ao LusoMonitor.
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