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Sábado, 25 Junho 2022 10:48

José Eduardo dos Santos terá sofrido um AVC

José Eduardo dos Santos terá sofrido um acidente vascular cerebral (AVC). Vítima de uma súbita paragem respiratória, o antigo Presidente angolano, segundo apurou o Expresso, terá caído na casa de banho da residência onde, na capital catalã, vive desde Abril de 2019.

Neste momento encontra-se em "sedado e ligado a aparelhos médicos", conforme fonte familiar. "Desta vez é mesmo grave", acrescentava um elemento do MPLA, o partido do antigo presidente de Angola.

O seu quadro clínico é ainda agravado por uma depressão e uma abrupta perda de peso. Eduardo dos Santos, atualmente, terá 52/53 quilos, tem sido tratado a um cancro nos últimos anos e em maio deste ano teve Covid-19.

O Presidente João Lourenço telefonou de imediato a Ana Paula dos Santos, a mulher que recentemente se reconciliou com Eduardo dos Santos para se inteirar do agravamento do seu estado de saúde.

Isabel dos Santos, que “trava uma luta de vida ou de morte” com o sucessor de pai, foi a primeira dos filhos a ir a Barcelona, mas a irmã, Tchizé dos Santos, não deixou de acusar João Lourenço de ter uma postura “cínica”.

No plano político, são cada vez mais irreconciliáveis as relações entre a família dos Santos e o Presidente. Já no domínio clínico, para José Eduardo dos Santos tudo ter-se-á começado a complicar depois de em Dezembro de 2020 ter contraído covid-19 no Dubai, quando viajou para apoiar a filha, Isabel dos Santos, após o falecimento do genro, o congolês Sindika Dokolo.

Regressado a Luanda em Setembro do ano passado, pela primeira vez desde que abandonara o poder, o seu estado de saúde voltou a inspirar sérios cuidados.

Irreconhecível, chegou a pesar 48 kilos, mas, “por razões de segurança,” recusou sempre ser diagnosticado pelos médicos da Clínica Girassol e deu instruções ao seu médico particular para que não revelasse a ninguém que problema de saúde o afetava.

Depois de muita insistência, acabaria por ser transportado numa cadeira de rodas para a Luanda Medical Center, uma unidade privada gerida por médicos especialistas israelitas, portugueses e de outras nacionalidades.

Desfigurado, transmitia já então “a imagem de um homem com óbito guardado”, como confessava um dos seus antigos homens de confiança. A evacuação para Barcelona num jato privado em voo direto, tornou-se inevitável e urgente. “ Não tinha condições físicas para fazer uma viagem com trânsito” – disse uma fonte do hospital militar.

Pelo meio encontrou-se por duas vezes com o Presidente João Lourenço, mas as feridas abertas entre ambos, depois de um longo distanciamento, nunca foram saradas.

“Nunca se conformou com a prisão do filho, mais ainda depois de este ter devolvido o dinheiro que fora acusado de ter desviado para o estrangeiro” – disse uma fonte do seu gabinete.

A detenção de José Filomeno dos Santos e as pesadas sanções aplicadas pela justiça angolana à filha mais velha, Isabel dos Santos, através da apropriação dos seus ativos e da ameaça de um mandado de captura internacional, são vistos em diversos meios como fatores que também concorreram para acelerar a degradação do seu estado de saúde.

Nos últimos tempos José Eduardo dos Santos era um homem visivelmente abatido por um estado de depressão. “Não comia e parecia que tinha perdido a vontade de viver” – confidenciou fonte familiar.

De relações cortadas com Eduardo dos Santos praticamente desde que este ficou afastado do poder, Ana Paula dos Santos, a mulher casada com quem o ex-Presidente viveu os últimos vinte e sete anos, acabaria por ir visitá-lo à sua residência em Luanda no Bairro Miramar, em finais de Março

A Barcelona deslocou-se a pedido dos filhos do casal. A antiga primeira-dama decidiu acompanhar de perto a evolução do estado de saúde de Eduardo dos Santos.

A sua presença em terras catalãs abriria uma nova frente nas desavenças que, há anos opõem, os filhos mais velhos de Eduardo dos Santos à madrasta e aos meio-irmãos fruto do casamento.

Indiferente à vontade das filhas, sem perder a lucidez, José Eduardo dos Santos tornou pública uma carta em que conferia ao médico particular, João Afonso, poderes exclusivos para se pronunciar sobre a sua saúde ao mesmo chamou para o seu lado a presença de Ana Paula dos Santos.

É nestas circunstâncias em que, com a antiga família presidencial dividida, Angola, acompanha agora a luta entre a vida e a morte que está a ser travada pelo homem que, durante 37 anos, conduziu o país com punhos de ferro.

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