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Sexta, 17 Outubro 2025 14:04

União Africana envia delegação de alto nível a Madagáscar após golpe de Estado

A União Africana (UA) anunciou hoje que vai enviar imediatamente uma delegação de alto nível a Madagáscar para promover um diálogo nacional após o golpe militar que derrubou o Presidente, Andry Rajoelina.

De acordo com um comunicado da UA, a decisão foi tomada pelo Conselho de Paz e Segurança (CPS), nas reuniões realizadas quarta-feira e hoje, nas quais foi sublinhada "a urgência de unir esforços diplomáticos" para promover um diálogo "genuíno e construtivo" entre as partes malgaxes, incluindo as autoridades, os partidos políticos, a sociedade civil e a juventude.

Sob a tutela do presidente em exercício da UA, João Lourenço, de Angola, a Comissão enviará também a Antananarivo membros do Grupo de Sábios e um enviado especial, em coordenação com a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Estas ações visam restaurar a estabilidade, fortalecer a coesão social e garantir a governação constitucional no país, acrescenta.

O presidente da Comissão da UA, Mahmoud Ali Youssouf, reafirmou a "solidariedade inabalável" do bloco com o povo de Madagáscar na sua aspiração à boa governação, democracia e desenvolvimento sustentável, e exortou todos os intervenientes a participarem de boa-fé na busca de uma solução pacífica e consensual para a crise política.

O líder do golpe de Estado em Madagáscar, o coronel Michael Randrianirina, anunciou que tomará posse sexta-feira como "Presidente para a refundação da República de Madagáscar", de acordo com um comunicado assinado por ele próprio e divulgado pela televisão pública malgaxe.

Randrianirina, comandante do Corpo de Administração de Pessoal e Serviços do Exército Terrestre (CAPSAT), tomou o poder na terça-feira passada e anunciou a suspensão da Constituição, após semanas de protestos contra Rajoelina, que fugiu do país.

O coronel declarou à imprensa presente no Palácio Presidencial de Ambotsirohitra que as Forças Armadas "assumem as suas responsabilidades e tomam o poder" devido à crise desencadeada desde 25 de setembro, quando começaram as manifestações contra os cortes de eletricidade e água.

Anunciou a criação de um conselho integrado por forças de segurança com possível participação civil, que exercerá o poder por um período máximo de dois anos.

A União Africana suspendeu Madagáscar de todas as suas atividades até ao restabelecimento da ordem constitucional, e a SADC, que também enviará uma missão técnica ao país, expressou a sua preocupação com o golpe, que classificou como uma "grave ameaça" à estabilidade regional.

Madagáscar sofreu três golpes anteriores, em 1972, 1975 e 2009, este último também com a participação da CAPSAT, que levou ao poder o próprio Rajoelina, então líder da transição e agora derrubado pelo mesmo corpo militar de elite.

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