Adalberto Costa Júnior falava hoje na abertura da III Reunião Ordinária da Comissão Política da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que se realiza hoje e sábado, e evocou também os acontecimentos de 1 e 2 de novembro de 1992, altura em que vários dirigentes e militantes do partido foram mortos na sequência dos conflitos políticos surgidos após as primeiras eleições multipartidárias no país.
Uma fase de “gravíssima intolerância política”, considerou, a propósito dos "tristes acontecimentos" de há 31 anos, lamentando que o regime não tenha mudado e aprendido com as lições do passado, continuando “a subverter o estado democrático e de direito e as liberdades democráticas dos cidadãos
O presidente da UNITA sublinhou que Angola está perante um dos seus mais difíceis momentos, como o povo angolano “exposto aos interesses de uma classe política corrupta perante o silêncio medroso ou interesseiro das restantes elites”-
Para o dirigente partidário, "a responsabilidade do desastre que atingiu o país não é apenas de um presidente autocrático”, mas também dos membros da direção e deputados do partido do poder (MPLA) que colocam os interesses de grupo acima dos interesses nacionais.
“Angola só encontrara esperança com uma genuína alternância política, pois o programa do partido que esta no poder é de manutenção do poder a qualquer preço em detrimento do interesse nacional”, sublinhou.
Alternância que deve começar com a realização de eleições locais em 2024, sugeriu.
"Sabemos que o regime anda a fugir deste compromisso", disse, acrescentando que a UNITA vai continuar a forçar o regime a cumprir “promessas repetidas ao longo os anos” e lembrando que Angola é o único país da SADC que não tem implementado o poder local.
Angola sob o regime do MPLA não é um exemplo a seguir em matéria de liberdade e justiça social, assinalou, apesar de estar a investir “cada vez mais em propaganda” para "vender ilusões ao mundo".
Salientou ainda que a UNITA não vai desistir da proposta de destituição do Presidente da Republica, a fim de “salvar o estado democrático da derrocada em que se encontra".
Falou, por outro lado, da “postura traiçoeira e manipuladora do regime” que quis transformar um programa de paz e reconciliação de vítimas dos conflitos (CIVICOP) num instrumento de ódio entre os angolanos, apontando o caso de ossadas de vítimas do 27 de maio que não correspondiam à verdadeira identidade.
Adalberto da Costa Júnior abordou também o Orçamento Geral do Estado para 2024, entregue na quarta-feira, acusando as autoridades angolanas de “subverter os números” nas rubricas destinadas à Educação.