Para o deputado da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição), Nelito Ekuikui, as eleições marcadas para a próxima semana são distintas das anteriores, considerando que o seu partido vai relegar o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) para a oposição.
“O cidadão felizmente compreendeu que o processo eleitoral lhe pertence e quem vai definir é o povo. O que vejo é que teremos um parlamento bastante equilibrado”, disse Nelito Ekuikui à agência Lusa.
Em declarações no final da reunião plenária de encerramento da quinta e última sessão legislativa da IV legislatura da Assembleia Nacional (parlamento), o político disse ter “certeza absoluta" de que irão "colocar o MPLA na oposição”.
“A próxima legislatura deve fazer o esforço de continuar a aprofundar os consensos nacionais e deixar de ter agenda de partidos para ter agenda do país”, defendeu.
A quarta legislatura angolana, que se iniciou em 15 de outubro de 2017, encerrou oficialmente esta segunda-feira, 15 de agosto, com uma sessão solene presidida pelo presidente do parlamento angolano, Fernando da Piedade Dias dos Santos.
A quinta legislatura vai emanar dos resultados das eleições gerais de 24 de agosto, onde concorrem oito formações políticas.
Lucas Ngonda, deputado da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA, oposição), espera que, na próxima legislatura, o parlamento tenha uma composição mais equilibrada, onde todas as forças políticas possam esgrimir os seus argumentos.
“Não podemos eternamente continuar com um parlamento de maiorias consagradas de um partido que dirige o país há quase 50 anos. Isto consagra também a ditadura parlamentar e faz com que todos os trabalhos dos partidos sejam inibidos”, disse.
O histórico político da FNLA defendeu que nas eleições gerais de 24 de agosto o povo “poderá surpreender e remeter o MPLA para a oposição”.
“Isto é o povo que vai decidir, o povo é quem decide e pode surpreender-nos, é uma questão de entendermos que o voto do povo é soberano, se o povo decidir que o MPLA vai para a oposição, assim será”, atirou.
Por sua vez, o deputado do MPLA, Virgílio Tchova, disse estar confiante que o seu partido vai renovar o mandato por mais cinco anos, considerando que os cidadãos têm noção do trabalho feito pelo governo do seu partido.
“O cidadão tem noção do trabalho que foi feito pelo governo do MPLA e do que pode ainda ser feito”, respondeu à Lusa, apontando a covid-19, a queda do preço do petróleo e guerra na Ucrânia como entraves da governação.
“O MPLA tem condições para que os angolanos lhe possam renovar a sua confiança. Tenho esta convicção, mas o povo é que há de dizer, é que vai votar”, frisou.
Sobre a composição do próximo parlamento, Virgílio Tchova, manifestou a expectativa de que "o MPLA ganhe e que também os partidos mais pequenos possam ter representações”.
“Para termos um parlamento mais diversificado e a bem da democracia, que fica mais rica, gostaria que assim fosse, mas isso depende do voto e dos cidadãos”, concluiu.