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Sábado, 11 Janeiro 2020 23:31

O erro de cálculo estratégico de Trump ao ordenar o assassinato do General Soleimani

Na passada sexta feira, 03 de Janeiro, fomos todos surpreendidos com a notícia sobre o assassinato do General Qassem Soleimani, um estratega militar iraniano, difundida pelos órgãos de comunicação social, cujas  imagens trágicas tornaram-se virais nas redes sociais.

O facto ocorreu quando Soleimani seguia a bordo de uma viatura com o Comandante Abu Mahdi al-Mohandes, especialista em mobilização de forças populares, quando estes dirigiam-se para o aeroporto.

Aquando da ocorrência dos conflitos armados na Síria, perpetrados por forças da oposição, o Exército Síria Livre, apoiados por Jihadistas, que se rebelaram contra o Presidente Bashar al-Assad, por este ter ordenado que as forças de segurança atirassem contra manifestantes que protestavam por denúncias de corrupção por parte do governo, fui acompanhando atentamente os acontecimentos e um dos nomes que na altura prendeu a minha atenção, foi o do General Qassem Soleimani, que na altura apoiava as forças armadas da Síria que lutavam pela manutenção de Bashar al-Assad no poder (sentido contrário a vontade dos EUA).

O General Qassem Soleimani não era um elemento qualquer,  foi o braço forte da política externa do Irão, foi graças as suas proezas e estratégias militares que Bagdad viu-se livre da ocupação pelo Estado Islâmico em 2014.

Foi Soleimani que em 2015 liderou a cruzada que conduziu à expulsão do Estado Islâmico do Iraque em 2015. Soleimani liderou a guerra anti-terrorista que esmagou as forças Jihadistas da Al Qaeda na Síria, produzindo maior influência sobre os resultados da guerra na Síria do que os EUA que investiram mais de 14,2 bilhões de dólares para tentar derrubar o Presidente Bashar al-Assad, sem sucesso.

A morte de Soleimani gerou dor e mágoa em todo médio oriente. O seu funeral arrastou uma enorme multidão, causando uma grande comoção aos países da região e ao mundo. O líder supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei, não se coibiu de lagrimar perante a grande multidão que o rodeava no funeral. 

Pior, não há registos militares de algum ataque de forças lideradas por Soleimani contra soldados Americanos fardados. 

Apesar de as nações poderosas emergentes da região e não só, continuarem nos seus pedestais perante o trágico assassinato de um dos maiores estrategas de guerra do Irão e um dos generais mais influentes do médio oriente, o General Qassem Soleimani, não é momento de os EUA vangloriarem-se, não agora e nem nos próximos anos.

Ao ordenar o assassinato de Soleimani, Donald Trump terá cometido um erro de cálculo sobre as eventuais consequências políticas e militares que poderão advir desta acção.

Há quem diga que esta decisão visou desviar as atenções da mídia do processo de destituição de que Trump está a ser alvo. A administração Trump alega que esta acção visou impedir ataques contra alvos e objectivos norte americanos.

Sejam quais forem as suas motivações, tenho sérias dúvidas de que desta acção resulte o impedimento de ataques a alvos e objectivos americanos. Daí a minha opinião de que terá havido erros de cálculo por parte de Trump e sua administração.

Também acredito que se o facto tivesse ocorrido em sentido contrário. Ou seja, se fossem drones iranianos a atacar e assassinar altas patentes do exército americano, provavelmente, a reacção teria sido imediata e mais musculada. Nada pessoal contra os EUA. Vamos esperar para ver.

A meu ver, assim de imediato, do ponto de vista político e, quiça, económico, esta acção poderá resultar na redução do poder e influência dos EUA na região (médio oriente), se tivermos em conta que quase toda região está solidarizada e comovida pela forma como ocorreu a morte de Soleimani. Isto poderá afectar negativamente os interesses, quer militar, quer económicos dos EUA na região.

Por Simão Pedro, Me / Jurista&Politólogo

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