“Pessoas como eu e o [Dr. Anthony] Fauci [diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos] estão falando em dezoito meses”, disse Gates em entrevista recente. “Se tudo der perfeitamente certo, pode ser um pouco antes, mas haverá uma consequência: nós teremos menos segurança nos testes do que estamos acostumados a ter… porém não temos tempo para fazer o que costumamos fazer”.
“Se você quiser esperar para ver se algum efeito colateral vai surgir em até dois anos, isso vai levar dois anos”, disse ele. “Estamos agindo rápido. Este é um tema de saúde pública, então essas consequências serão necessárias”.
“Estamos fazendo tudo que podemos” A Bill & Melinda Gates Foundation, por meio da CEPI (Coalização para Inovações em Preparação para Epidemias) – uma parceria público-privada aberta em 2017 e financiada pela fundação – já investiu em oito programas de vacinas.
“Estamos fazendo tudo que podemos”, disse Gates. “Pagamos os fabricantes mais rapidamente do que os governos, e eles estão trabalhando. O dinheiro não é uma limitação. A questão é fabricar o que há de melhor, em alta velocidade e ser limitada apenas pela ciência”.
O importante filantropo defendeu a necessidade de fazer vários testes e decretar uma quarentena nos Estados Unidos para desacelerar a transmissão do coronavírus a curto prazo.
“A verdadeira solução, a única coisa que realmente permitirá o retorno da vida normal e nos fará sentir um certo conforto ao nos sentarmos num estádio cercados por milhares de pessoas, é uma vacina”, disse Gates. “E ela não pode ser aplicada apenas nos Estados Unidos; ela precisa ser aplicada na população global para termos uma vasta imunidade e independentemente do que aconteça, [a doença] não vai mais se espalhar de forma desenfreada”.
O tempo necessário para desenvolver a vacina contra o coronavírus está sendo minuciosamente monitorado e considerado como um indicador do fim da pandemia.
Melinda Gates falou um pouco sobre o processo de criação da vacina.
“A partir de tudo que aprendemos trabalhando com os nossos parceiros por muitos e muitos anos no desenvolvimento de vacinas, você precisa testar os compostos, fazer testes pré-clínicos, e depois testes de larga escala”, explicou Melinda em uma entrevista separada para o Business Insider.
“E embora eu tenha certeza de que o governo vai acelerar alguns desses testes, como fizeram no caso do ebola, ainda assim, quando tivermos bons resultados nos testes em termos de segurança e eficácia, será preciso produzir a vacina, e fazer isso em larga escala.”
“Houve pouquíssimo preparo” O presidente dos Estados Unidos Donald Trump classificou o coronavírus como um “inimigo invisível terrível” e declarou que o país “está em guerra”. No entanto, Gates destacou que a enorme falta de preparo para esta “guerra” – a despeito das enormes implicações – foi um erro sério dos governos de todo o mundo.
“Diferentemente do orçamento de defesa, que nos prepara para guerras nas quais nós simulamos o problema e nos asseguramos de que vamos conseguir enfrentá-lo, para este risco – que eu via como muito superior ao risco de uma guerra – houve pouquíssimo preparo, pouquíssimas simulações”, disse Gates, que fez um alerta famoso a respeito da possibilidade de uma pandemia em 2015.
“Nessas simulações, os pesquisadores diriam: ‘OK, como podemos aumentar a capacidade das UTIs? Podemos produzir respiradores? Como priorizar os diagnósticos?’”, explicou Gates. “Ainda estamos descobrindo”.
De qualquer forma, quando houver uma vacina disponível e as respostas de saúde pública forem aplicadas, o mundo estará melhor preparado para a próxima pandemia.
“As pessoas não organizaram os seus governos para ter esta função”, disse Gates. “Acredito que agora, com uma situação tão dramática, estaremos prontos para a próxima pandemia. Usando as novas ferramentas da ciência, é bem possível que consigamos”. Yahoo Finanças