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Quinta, 07 Novembro 2019 16:52

Preço da farinha de trigo dispara de 15 para 25 mil kwanzas em menos de um mês em Luanda

Os industriais panificadores começaram a queixar-se de uma especulação no preço do saco da farinha de trigo que, há duas semanas, estava a ser vendido a 15 mil kwanzas e passou agora para 25 mil, fazendo com que o preço do pão pequeno subisse de 25 para 35 kwanzas, e o pão cassete de 100 para 150 kz, devido à escassez de farinha de trigo na Província de Luanda.

A constatação é do NJOnline, que efectuou uma ronda pelos principais armazéns grossistas da capital, tendo verificado que muitos compradores estão "a levar as mãos a cabeça" porque consideram os preços exagerados.

Entretanto, várias padarias e pastelarias estão com dificuldades na aquisição de farinha de trigo, e muitos compradores, surpreendidos com o valor de 25 mil kz, simplesmente tiveram de fazer alterações nas suas tabelas de preços.

As indústrias panificadoras, em Luanda, estão a comercializar o pão pequeno, que antes custava entre 20 e 25 kz, agora está a ser vendido a 35 kz. Há comerciantes que estão a vender três pães a 100 kz, enquanto o pão cassete passou de 100 para 150 kwanzas.

"Os clientes estão a reclamar e nós não temos como não alterar os nossos preços ou reduzir a quantidade do produto", disse ao NJOnline Hélder João, gerente da padaria e pastelaria "Bom Pão", no Cazenga, que está desde o passado Sábado sem produção por falta de trigo.

Quem também não está a vender pão desde a semana passada é o supermercado Shoprite, no Palanca, que também está com dificuldades na aquisição da farinha de trigo, segundo uma fonte daquele estebelecimento que não quis ser identificada.

Mateus da Costa Manuel, gerente da padaria 3DD, no Município de Viana, contou que o proprietário da empresa não está a conseguir comprar mais de 10 sacos de trigo para a produção diária na padaria, devido à escassez do mesmo.

"Infelizmente estamos parados há três dias, à espera de farinha de trigo que está difícil no mercado", contou Mateus da Costa Manuel, que não sabe por quanto mais tempo vão ter de esperar.

Ana Bela Damião, que trabalha por conta própria no ramo da pastelaria há 10 anos, contou ao NJOnline que está surpreendida com a subida do preço do trigo, e que tem dificuldades em ajustar os preços das encomendas que tem feito em casa.

"Se muitas pastelarias estão a subir os preços e a rejeitarem grandes encomendas, imaginem nós que trabalhamos por conta própria", questiona Ana Bela Damião, de 33 anos.

De recordar que o Ministério do Comércio admitiu a meio do mês passado, em Luanda, o predomínio da escassez de farinha de trigo no mercado nacional.

Segundo o director nacional do Comércio Externo, Lukonde Luansi, que falou à imprensa à margem de um seminário de capacitação sobre "Análise de mercado", realçou, na ocasião, que não existe qualquer decisão de importação para cobrir o défice.

"A importação de farinha de trigo não depende do Ministério do Comércio. Temos ministérios proponentes, como os da Indústria e da Agricultura. Reconhecemos que existe uma carência de farinha de trigo no mercado e cabe aos sectores proponentes verificar e analisar a situação no mercado para tomar a decisão que se impõe", afirmou.

Já o presidente da Associação dos Industriais de Panificação e Pastelaria de Angola (AIPPA), Gilberto Simão, considerou que a produção nacional está longe de satisfazer as necessidades reais do País, defendendo a necessidade de importação de quantidades controladas de farinha.

"Foi dito numa reunião que tivemos que as produtoras nacionais de farinha de trigo não estão a satisfazer 50 por cento das necessidades. Temos uma necessidade de 60 mil toneladas por mês e só estão a produzir 30 mil. É preciso colmatar o défice com a importação", disse o presidente da AIPPA, no mesmo encontro.

Gilberto Simão salientou, na ocasião, que há várias padarias a fecharem porque o saco de farinha de trigo está caro e que a situação está cada vez mais crítica.

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