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Segunda, 01 Junho 2020 16:32

Antiga secretária de Saúde de Cabinda justifica pedido de demissão com corrupção no Governo

A ex-secretária da Saúde da província angolana de Cabinda, Carlota Ngombe Tati, disse ter sido exonerada do cargo a seu pedido por não ter aceite colaborar com esquemas de corrupção e de desvios de bens destinados ao setor.

Ela deixou o Executivo na quinta-feira, 28 de maio.

O esquema, segundo Tati, envolve muitos gestores hospitalares e figuras do topo do Governo da provincia.

Ela lamenta o fato do programa de combate à corrupção, bandeira do Presidente João Lourenço, não ter êxitos no setor da saúde em Cabinda e critica o Governo por não ter manifestado solidariedade institucional no combate a este mal durante o seu consulado.

Para manter a sua verticalidade, afirma ter preferido colocar o lugar à disposição, em ver de ser cúmplice de um mal que, se não for enfrentado a sério, dificilmente será extirpado da mente de muitos gestores públicos.

“Quando aceitei este cargo sabia que tinha pela frente grandes desafios, tendo em conta o caráter sensível do setor” diz Carlota Tati, lembrando que “a saúde, para muitos, é um mar de problemas que se multiplicam sem parar”.

“Eu sabia que havia problemas no setor e até conhecia muitos desses problemas porque por duas vezes fui a segunda pessoa na província. Assumi o desafio de liderar o setor da saúde e não dei tréguas àqueles que quiseram transformar a saúde num espaço de mercantilismo e de negócios”, acrescenta.

“Por ter recusado alinhar com essas práticas de corrupção fui crucificada e combatida desde a primeira hora, mas mantive a firmeza, embora não tenha tido a solidariedade institucional que esperava”, lamenta a ex-secretária.

Carlota Tati, por sinal esposa do deputado pela Unita, Raul Tati , afirma deixar com preocupação a direção da saúde.

“Pedi a demissão para recuperar a paz interior que me foi roubada nessa turbulência e deixar o espaço para quem não me quis ver nesse cargo. Há muita coisa que consegui mesmo travar, mas lamento dizer que ainda temos gestores no setor que não conseguem lidar com dinheiros públicos com transparência e rigor, sacrificando os interesses do Estado, por isso, deixo aqui um alerta para o meu sucessor”, conclui.

Carlota Tati deixou o Governo na quinta-feira, dia 28 de maio.

Não houve ainda qualquer reação do Governador. VOA

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