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Segunda, 27 Janeiro 2014 07:40

São Tomé e Príncipe é cada vez mais um destino para investimentos angolanos

Angola reforça influência em São Tomé e Príncipe com linha de crédito em sectores estratégicos como aeroportos e infra-estruturas, tendência que deverá ser impulsionada com a linha de crédito a abrir em 2014 por Angola.

Com um valor de 180 milhões de dólares, de acordo com a imprensa local mas não confirmado pelas autoridades angolanas, a linha de crédito equivalerá a 50% do PIB são-tomense e começará a ser desembolsada este ano, com uma primeira fatia de 60 milhões de dólares, para financiar “projectos de desenvolvimento”.

Para a Economist Intelligence Unit (EIU), o financiamento demonstra os “laços cada vez mais próximos entre Angola e São Tomé e Príncipe”, com “potencial para impulsionar o crescimento económico” no arquipélago.

“A linha de crédito sublinha a crescente influência de Angola”, que “já tem significativos interesses de negócios no país e deverá registar-se um novo aumento da presença de investidores e empresas angolanas no arquipélago a curto prazo”, refere o último relatório da EIU sobre Angola.

Empresas angolanas têm ganho ao longo dos últimos anos posições estratégicas na economia são-tomense, em particular a petrolífera estatal Sonangol, que é hoje das empresas mais influentes no arquipélago.

Em 2012, a Sonangol chegou a acordo para comprar pelo menos 51% da companhia aérea de bandeira de São Tomé, a STP, através da Sonair, que actua sobretudo no apoio à actividade petrolífera em Angola.

Além disso, a petrolífera está nos sectores são-tomenses dos combustíveis, dos portos e aeroportos, possuindo ainda um programa de formação de quadros e tendo a possibilidade de se expandir para outros sectores.

No ano passado, a mais conhecida empresária angolana, Isabel dos Santos, visitou por algumas horas o arquipélago, onde está a implantar-se a Unitel, empresa de telecomunicações de que é accionista e que tem estado a expandir-se também noutros países lusófonos, como Cabo Verde.

A linha de crédito, segundo alguns “media” são-tomenses, será reembolsada através de participações em futuros projectos petrolíferos locais, embora São Tomé e Príncipe ainda não tenha identificado reservas petrolíferas em quantidade que permita a exploração de forma viável.

Segundo a Economist, o desembolso da linha irá colocar sob pressão as contas públicas são-tomenses, dado que a dívida externa já atinge actualmente 93% do PIB, incluindo mais de 24 milhões de dólares de pagamentos atrasados a Angola.

Para que possam gerar crescimento substancial e não minar a sustentabilidade da posição da dívida são-tomense, os empréstimos terão de ser altamente bonificados, uma vez que a gama de exportações são-tomenses é muito reduzida.

Alguns dos parceiros tradicionais de São Tomé, contribuintes para o Orçamento de Estado, têm vindo a afastar-se, obrigando a procurar apoios na região, a somar à antiga parceria com Taiwan.

No último ano, subiram de tom os rumores de uma reaproximação a Pequim, como a que se deu com a Guiné-Bissau no tempo de “Nino” Vieira, dada a maior proximidade do actual presidente, Manuel Pinto da Costa, em relação à China.

Apesar de não existirem relações diplomáticas com a China há 15 anos, o arquipélago enviou uma missão à conferência ministerial do Fórum Macau, no início de Novembro de 2013, chefiada apelo ministro do Plano e Finanças, Hélio Almeida, com estatuto de observador.

Já em Outubro, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades, Natália Umbelina, havia realizado uma visita oficial à China.

Outro membro do governo, Osvaldo Abreu, ministro das Obras Públicas, Infra-estruturas e Recursos Naturais, afirmou posteriormente que a China vai abrir uma “representação de ligação” comercial em São Tomé, nas instalações da sua antiga embaixada.

macauhub/A24

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