A informação consta do relatório semanal do BNA sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, no período entre 25 e 29 de julho, contrastando com 106,2 milhões da semana anterior, mantendo-se as vendas apenas em moeda europeia.
De acordo com o documento, consultado hoje pela agência Lusa, as divisas disponibilizadas na última semana, equivalentes a 258,2 milhões de dólares, destinaram-se a cobrir, nomeadamente, necessidades de empresas (12,1 milhões de euros), operações de viagens e ajuda familiar (35,8 milhões de euros), operações de cartões de crédito (17,9 milhões de euros) e a importação de alimentos (29,3 milhões de euros).
Há ainda registo, entre outros, de 49,9 milhões de euros para a cobertura das necessidades do Ministério da Indústria, 26,9 milhões de euros para o Ministério da Agricultura, 6,8 milhões de euros para o Ministério das Pescas e 13,4 milhões de euros para Órgãos Auxiliares do Estado.
Por último, para cobertura de necessidades das empresas prestadoras de serviço ao setor petrolífero, o BNA disponibilizou 35,8 milhões de euros, mas em leilão de preço.
A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu praticamente inalterada, nos 166,714 kwanzas por cada dólar e nos 186,268 kwanzas por cada euro.
Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, a nota de um dólar continua a ser transacionada à volta dos 600 kwanzas.
Na revisão do Orçamento Geral do Estado de 2016, em curso, o Governo prevê desvalorizar a moeda nacional até aos 215,5 kwanzas por cada dólar norte-americano e aumentar a injeção semanal de divisas nos bancos.
Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade.
A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.
A falta de divisas dificulta ainda a transferência de salários dos trabalhadores expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.
Só de trabalhadores expatriados portugueses estão retidos, segundo o Governo de Portugal, cerca de 160 milhões de euros de vários meses de salários por transferir para contas nacionais (em divisas).
O BNA informou a 22 de julho que está a trabalhar com os bancos comerciais numa "melhor programação na venda de divisas" para "repor de forma gradual, programada, organizada e prudente" as necessidades de todos os setores da economia.
Em comunicado, o banco central referia ainda que nas últimas semanas tem vindo a realizar reuniões de "auscultação e concertação" com a Associação dos Bancos Comerciais de Angola (ABANC) e com os presidentes ou representantes dos conselhos de administração de 15 bancos angolanos para "partilhar informação sobre os desafios do sistema financeiro".
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