Os bancos angolanos compraram em julho 1.760 milhões de dólares (1.564 milhões de euros) de divisas, valor que segundo o BNA diminuiu para 1.299 milhões de dólares (1.154 milhões de euros) em agosto, uma quebra de 26,1% e que soma ao corte de 27% no mês anterior.
Entraram assim por dia no mês passado, nos bancos angolanos, o equivalente a 37,2 milhões de euros, entre compras ao BNA em leilões ou diretamente a clientes. Ainda assim, os problemas de acesso a divisas pelos utentes persistem, enquanto a taxa de câmbio no mercado paralelo tem vindo a disparar nas últimas semanas.
Essas dificuldades são percetíveis também na compra de divisas pelos bancos aos clientes, que voltaram a descer em agosto, para apenas 183 milhões de dólares (162,8 milhões de euros), o equivalente a menos de 15% do total das compras de agosto (1.299 milhões de dólares).
Em causa está a crise da cotação internacional do barril de crude, que tem vindo a diminuir as receitas fiscais e a entrada de divisas em Angola, mas também, e por consequência, o acesso a moeda estrangeira.
As divisas (dólares) são necessárias para assegurar as compras de Angola ao estrangeiro, nomeadamente matéria-prima ou bens de alimentação, e para financiar estudos ou tratamentos de saúde a cidadãos nacionais no estrangeiro.
Esta conjuntura já levou o kwanza angolano a desvalorizar-se cerca de 37%, face ao dólar norte-americano, no último ano, em termos de taxa de câmbio oficial do BNA.
"A procura [de divisas, na banca comercial] não diminuiu. O problema é que eu, pessoalmente, acredito que nem toda a procura de divisas é legítima. Portanto, quando nós pudermos ter uma procura legítima, de certeza que não vai haver falta de divisas", afirmou recentemente o governador do BNA, José Pedro de Morais Júnior.
Lusa