Numa informação do Banco Nacional de Angola enviada hoje à agência Lusa, em Luanda, a instituição garante que não orientou os bancos comerciais a aplicarem restrições «à realização de operações cambiais e à utilização de cartões de pagamento», como resultado da redução do preço do barril de petróleo nos mercados internacionais.
Contudo, sobre o assunto, a mesma informação do BNA recorda que «no âmbito das suas atribuições e competências», a instituição «está a trabalhar com o Executivo, na tomada de medidas que visam mitigar os efeitos» da quebra da cotação do barril de crude.
Com a diminuição das receitas oriundas do petróleo reduziram-se também as divisas que entram no país, estando a moeda nacional, o kwanza, em forte desvalorização desde novembro.
Em simultâneo, repetem-se as dificuldades dos clientes no acesso a divisas, sobretudo dólares, na banca comercial. Os levantamentos são condicionados em cada instituição, por norma, a valores mais reduzidos do que os que são pedidos pelos clientes e sujeitos a aprovação em cada instituição.
A situação já fez disparar a transação, e a taxa de câmbio, de dólares no mercado paralelo, mas que se debate com os mesmos problemas de acesso a divisas, como a Lusa tem constatado nos últimos dias, em Luanda.
Enquanto «supervisor do sistema financeiro», o BNA reafirma, na mesma informação, «o compromisso em assegurar o respeito pelos direitos dos consumidores de produtos e serviços financeiros e manter a estabilidade do referido sistema».
A Lusa noticiou a 19 de janeiro que as vendas semanais de divisas do BNA aos bancos comerciais - feitas em leilões - desceram para menos de metade na semana anterior, com a taxa de câmbio a renovar máximos de vários meses.
De acordo com o relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, a que a Lusa teve acesso, o banco central vendeu 159 milhões de dólares (137 milhões de euros) em divisas, entre 12 e 16 de janeiro.
Estas vendas à banca comercial angolana foram realizadas a uma taxa média de referência do mercado cambial interbancário de 103,995 kwanzas (87 cêntimos de euro) por cada dólar, que desde novembro não para de subir.
Esta situação acontece também num momento de transição dentro do banco central angolano.
O antigo ministro das Finanças angolano, José Pedro de Morais Júnior, acaba de ser nomeado pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, para governador do Banco Nacional de Angola, substituindo nessas funções José de Lima Massano.
Lusa
