Segunda, 21 de Abril de 2025
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Segunda, 24 Março 2025 17:41

Economista estima que aumento do gasóleo vai ter impacto nos preços em Angola

O economista angolano Francisco Paulo disse hoje que a subida do gasóleo deve ter impacto no nível geral de preços no país e defendeu que o Governo deveria gerir melhor o ajuste do preço dos combustíveis.

Comentando à Lusa o novo ajuste do preço do gasóleo em Angola, cujo litro passou a custar, a partir de hoje, 300 kwanzas (30 cêntimos), contra os anteriores 200 kwanzas (20 cêntimos), o especialista referiu que os custos de produção das empresas que ainda trabalham com geradores vai refletir-se no custo final do produto.

“É claro que o aumento [do preço do gasóleo] terá impacto nos seus custos e elas [as empresas] poderão refletir esses custos nos preços dos bens e serviços que colocam no mercado, isso poderá ter um impacto no nível geral de preços, na inflação que continua alta”, disse.

O aumento poderá quebrar a tendência de queda da inflação no país, “porque o que conta não é apenas o impacto nos custos, mas as expectativas das pessoas, a inflação esperada tende a aumentar”, apontou.

Francisco Paulo, especialista em macroeconomia, defendeu também que o Governo angolano deveria gerir melhor este ajustamento, observando que as autoridades “levam muito tempo” para o ajuste, um exercício que considera negativo para a atividade económica.

Em contrapartida, “o timing de aviso é muito curto”, argumentou, advogando melhor programação para acautelar e preparar os agentes económicos. O litro de gasóleo em Angola passa a partir de hoje a custar 300 kwanzas (30 cêntimos), um aumento de 50%, segundo os novos preços divulgados pelo Instituto Regulador dos Derivados do Petróleo (IRDP).

A subida do preço do gasóleo, que passa a custar o mesmo que a gasolina, enquadra-se no ajuste gradual e flexível dos preços de venda ao público dos produtos derivados do petróleo para os níveis de mercado.

Os combustíveis em Angola são subvencionados pelo Estado, que tomou a decisão política de gradualmente ir retirando esta subvenção, seguindo as recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI), o que ocorre desde 2023.

O economista e investigador da Universidade Católica de Angola (UCAN) assinalou, por outro lado, a importância da remoção dos subsídios estatais aos combustíveis em Angola, acreditando que o processo deve travar o contrabando de combustível, um fenómeno que constitui preocupação das autoridades.

“Se conseguirmos fazer com que pague os preços do mercado [com a diminuição dos subsídios do Estado], o país poderá lidar melhor com o contrabando de combustível, que só existe porque o preço no país é regulado e é muito baixo com comparação com os países vizinhos”, frisou.

Francisco Paulo defendeu ainda que o processo de remoção dos subsídios aos combustíveis deve ser acompanhado de programas que ajudem a melhorar o rendimento das famílias mais vulneráveis. 

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