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Sexta, 20 Setembro 2024 14:55

"EUA nunca pensaram em estabelecer bases militares em Angola", garante embaixador Tulinabo Mushingi

Diplomata americano prefere remeter-se ao silêncio em relação a provável visita do Presidente Joe Biden a Angola e afirma que as relações entre os dois países nunca estiveram a um nível tão elevado como agora. Nesta primeira fase, os americanos vão investir 553 milhões de dólares no Corredor do Lobito, a nova "menina dos olhos" dos EUA. Mas Tulinabo Mishingi prevê mais investimentos.

Há informações de que o Presidente Joe Biden pretende visitar Angola nas próximas semanas, no quadro de um períplo a África. A concretizar-se, será a primeira vez que um estadista americano estará no País. Com essa possível visita, que sinal os EUA pretendem enviar para o mundo?

Não posso confirmar a visita do Presidente Biden, neste momento. Estamos apenas a estudar a sua possibilidade. As relações entre os Estados Unidos e Angola estão mais fortes do que nunca. Angola continua a demonstrar que é um líder emergente nos assuntos regionais africanos, e continuaremos a fortalecer a nossa parceria com o povo angolano.

A concretizar-se, qual será a principal agenda da visita?

Mais uma vez, não posso confirmar a visita do Presidente Biden. A relação entre os nossos dois países é a mais forte de sempre.

Joe Biden deverá estar em Angola em fim de mandato, poucos meses depois de o Presidente angolano ter sido recebido na Casa Branca. Qual poderá ser o impacto desta visita?

Lamento a sua insistência, mas, uma vez mais, não posso confirmar esta visita. Só a Casa Branca tem a agenda do Presidente. Vamos esperar até que ela (Casa Branca) faça um anúncio oficial.

As relações Angola - Estados Unidos existem há mais de 30 anos. Que avaliação faz?

As relações diplomáticas existem há 31 anos. No ano passado, celebrámos o 30.º aniversário das nossas relações. Hoje posso dizer, com toda a certeza, que as relações são excelentes. Estou muito satisfeito com o nível das relações entre os dois países, e vamos continuar a aprofundá-las. Este ano, atingimos um nível que há mais ou menos 10 anos era inconcebível. Estamos muito felizes pelo trabalho que temos feito para tentar produzir resultados positivos para o povo angolano, para o povo americano e para o mundo, em geral.

O principal eixo desta relação tem sido o petróleo, mas agora os Estados Unidos também estão envolvidos no Corredor do Lobito. Como vê a participação norte-americana?

Uma participação muito grande, porque acreditamos que o Corredor do Lobito é um projecto transformador, que vai mudar o paradigma de como nós trabalhamos em Angola, em particular, e em África, em geral. Mas não é só o Corredor do Lobito. Estamos a focar os nossos esforços em três pilares. Há um pilar de prosperidade partilhada entre o povo angolano e o povo americano, e o Corredor do Lobito faz parte desse pilar. Há, também, o pilar de segurança (podemos falar sobre isso depois) e o de boa governança. Quando falamos do Corredor do Lobito, a ideia é apoiar os esforços de Angola e dos angolanos na diversificação da economia. Não só olhar para o petróleo, mas diversificar a economia. Isso significa diversificar não só os sectores, mas também os parceiros. Por isso é que olhamos para o Corredor do Lobito como um projecto-chave, porque, ao nível local, ao nível de Angola, o Corredor do Lobito vai abrir caminhos para o desenvolvimento ao longo de toda a faixa. Estamos a falar não só de transporte, que vai ser seguro e fiável, mas também de desenvolvimento ao longo do corredor (agricultura, telecomunicações e criação de empregos nestas áreas, mas também facilitar a mobilidade, a mobilidade das pessoas ao nível local). Ao nível internacional, estamos a falar da integração regional, que é o objectivo dos países desta região, para tentar integrar esta economia. Sobre o Corredor do Lobito, estamos a falar, também, da RDC e da Zâmbia. Mas o sonho é alargar este cor- redor e conectar o oceano Atlântico e o oceano Índico.

Ao nível internacional, o Corredor do Lobito permitirá uma cooperação muito boa agora. Temos três companhias europeias financiadas pelos Estados Unidos da América, temos parceiros que estão a envolver- -se neste Corredor do Lobito, como os países do G7, como a União Europeia. Temos, também, o acompanhamento do Banco de Desenvolvimento Africano e do Banco. Nesta primeira fase, os Estados Unidos vão investir no Corredor do Lobito 553 milhões de dólares. Quando nos decidimos a trabalhar juntos, podemos produzir resultados para os nossos povos.

Estamos a falar de diplomacia comercial...

Para além da diplomacia comercial, os nossos esforços programáticos reforçam o crescimento sustentável. Através do pro- grama ECCO de 7,5 milhões de dólares, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento (USAID) apoia meios de subsistência sustentáveis na região ecologicamente crítica do Okavango. A parceria 'dinheiro digital é melhor, da USAID, no valor de 4,7 milhões de dólares, está a ajudar a empresa norte-americana Africell a expandir os pagamentos digitais e a inclusão financeira, enquanto o centro da USAID ajuda as empresas angolanas a aumentar a sua capacidade de exportação. A Power Africa fornece 400 mil dólares em assistência técnica, para apoiar as iniciativas do Banco Africano de Desenvolvi- mento e levar electricidade mais fiável, acessível às populações.

O senhor embaixador falou de um eixo fundamental, que é o da segurança. Em que consiste, exactamente?

Todos sabemos que a paz e a estabilidade são bens inegociáveis, todos precisamos de paz e segurança. Angola está a viver 22 anos de paz desde a assinatura, em 2002, do Acordo de Paz. Na área da segurança, para além de trabalharmos com as Forças Armadas Angolanas, estamos a apoiar os diferentes esforços do Governo angolano para a segurança na região, em geral. Es- tamos a olhar para o que está a acontecer no Leste do Congo Democrático, no Sudão e na República Centro-Africana. Estamos a apoiar todos os esforços, no sentido de ter segurança e estabilidade na região. Por outro lado, estamos a trabalhar com os angolanos sobre a segurança mundial, porque cada país, incluindo Angola, tem um papel a jogar.

Quando falamos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, da guerra entre Israel e Hamas, todos os países têm um papel a jogar, e vamos continuar a explorar o que, juntos, podemos fazer sobre esses assuntos. Mas, na área das forças armadas, estamos a ver três secções: uma é sobre equipamentos e outra sobre treinamentos. De- pois vamos às áreas de inteligência e informação. A modernização das Forças Armadas Angolanas vai requerer equipa- mentos modernos, que possam operar com outras forças armadas do mundo, bem como treinamentos. As Forças Arma- das Americanas e as Forças Armadas Angolanas podem treinar juntas, a fim de aprenderem uma com a outra. Também podemos desenvolver a área de inteligência, para partilhar informações sobre as diferentes ameaças, uma vez que os desafios mundiais não podem ser resolvidos apenas por um país só. Os países devem trabalhar juntos. Novo Jornal

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