De acordo com uma análise feita pelo Banco Millennium Atlântico, publicada esta terça-feira, 3 de setembro, a queda deste indicador está muito associada a contração do Kwanza e a dependência a moeda estrangeira. Entretanto, especialistas em economia defendem a alteração da política cambial para tornar o kwanza mais forte.
As reservas excedentárias são os valores adicionais ao montante obrigatório que os bancos comerciais devem constituir junto do Banco Nacional de Angola e a sua diminuição sugere que a liquidez em Kwanza está a tornar-se cada vez mais escassa, o que pode impactar diretamente a capacidade de as instituições financeiras implementarem as diversas estratégias de rentabilização. O economista Samora Machel entende que este cenário demonstra que o controle da política monetária tem estado a falhar em relação à estabilização da inflação.
Quando as reservas excedentárias demonstram uma queda, isso indicia que o controle da inflação tem estado a falhar e também porque a moeda começa sempre a perder o seu valor. O que podemos fazer é que ou fortifiquemos o Kwanza como uma moeda nacional ou que haja um processo de desvalorização cambial, utilizando mecanismos de câmbio fixo para poder dar paridade à moeda e também poder dar poder à nossa moeda local, afirmou Samora Machel.
Samora Machel disse ainda que se não houver um melhor controle das reservas obrigatórias pode afetar o controle da balança de pagamento.
A conta de variação de reservas é uma conta para estabilizar a nossa balança de pagamento e se ela tiver a nível de variações ou oscilações constantes, então a única forma de salvar a nossa balança de pagamento é por via do aumento cada vez mais das exportações de petróleo, ou seja, aumentando a balança comercial para estabilizar a própria balança de pagamento. E as reservas excedentárias devem estar sempre acima para que sempre que houver operações em todo o mercado financeiro nacional possa haver recursos para suportar e para estabilizar a variação da moeda Kwanza, finalizou Samora Machel.
E o economista Mário Bernardo avança que esta é uma realidade que recomenda a prudência na coordenação da política monetária nacional.
Mário Bernardo afirmou que neste momento estamos diante de um câmbio depreciado, nisso resulta uma crise cambial e precisamos refletir se o nosso mercado acomoda um regime cambial flutuante. Provavelmente nessa fase podíamos fazer revisão ao atual regime no sentido de garantir uma maior estabilização, fundamentalmente para termos resultados mais eficientes. A política monetária de forma isolada não irá gerar resultados a curto prazo, fundamentalmente porque temos um banco central a desvalorizar de forma acentuada a moeda.
E o também economista João Capitão entende que o Banco Nacional de Angola precisa adotar uma política monetária que fortaleça a moeda nacional e assim dar capacidade à banca comercial para que possa continuar a financiar a economia.
Eu defendo a política cambial ser conduzido no sentido de manter a moeda nacional mais valorizada. De quando uma moeda mais valorizada nós poderemos assistir que a política monetária tenderá a ser expansionista e a gestão de liquidez tenderá a aumentar e isso fará com que realmente o sistema financeiro e os bancos pratiquem mais atividade creditíssima, finalizou economista João Capitão.