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Quarta, 04 Setembro 2024 17:52

Especialistas defendem alteração da actual política cambial em Angola para fortalecer o kwanza

As reservas excedentárias do sistema bancário angolano caíram 12,34 ou seja 614,73 mil milhões de kwanzas em julho último.

De acordo com uma análise feita pelo Banco Millennium Atlântico, publicada esta terça-feira, 3 de setembro, a queda deste indicador está muito associada a contração do Kwanza e a dependência a moeda estrangeira. Entretanto, especialistas em economia defendem a alteração da política cambial para tornar o kwanza mais forte. 

As reservas excedentárias são os valores adicionais ao montante obrigatório que os bancos comerciais devem constituir junto do Banco Nacional de Angola e a sua diminuição sugere que a liquidez em Kwanza está a tornar-se cada vez mais escassa, o que pode impactar diretamente a capacidade de as instituições financeiras implementarem as diversas estratégias de rentabilização. O economista Samora Machel entende que este cenário demonstra que o controle da política monetária tem estado a falhar em relação à estabilização da inflação.

Quando as reservas excedentárias demonstram uma queda, isso indicia que o controle da inflação tem estado a falhar e também porque a moeda começa sempre a perder o seu valor. O que podemos fazer é que ou fortifiquemos o Kwanza como uma moeda nacional ou que haja um processo de desvalorização cambial, utilizando mecanismos de câmbio fixo para poder dar paridade à moeda e também poder dar poder à nossa moeda local, afirmou Samora Machel.

 Samora Machel disse ainda que se não houver um melhor controle das reservas obrigatórias pode afetar o controle da balança de pagamento.

 A conta de variação de reservas é uma conta para estabilizar a nossa balança de pagamento e se ela tiver a nível de variações ou oscilações constantes, então a única forma de salvar a nossa balança de pagamento é por via do aumento cada vez mais das exportações de petróleo, ou seja, aumentando a balança comercial para estabilizar a própria balança de pagamento. E as reservas excedentárias devem estar sempre acima para que sempre que houver operações em todo o mercado financeiro nacional possa haver recursos para suportar e para estabilizar a variação da moeda Kwanza, finalizou  Samora Machel.

E o economista Mário Bernardo avança que esta é uma realidade que recomenda a prudência na coordenação da política monetária nacional.

Mário Bernardo afirmou que neste momento estamos diante de um câmbio depreciado, nisso resulta uma crise cambial e precisamos refletir se o nosso mercado acomoda um regime cambial flutuante. Provavelmente nessa fase podíamos fazer revisão ao atual regime no sentido de garantir uma maior estabilização, fundamentalmente para termos resultados mais eficientes. A política monetária de forma isolada não irá gerar resultados a curto prazo, fundamentalmente porque temos um banco central a desvalorizar de forma acentuada a moeda.

E o também economista João Capitão entende que o Banco Nacional de Angola precisa adotar uma política monetária que fortaleça a moeda nacional e assim dar capacidade à banca comercial para que possa continuar a financiar a economia.

Eu defendo a política cambial ser conduzido no sentido de manter a moeda nacional mais valorizada. De quando uma moeda mais valorizada nós poderemos assistir que a política monetária tenderá a ser expansionista e a gestão de liquidez tenderá a aumentar e isso fará com que realmente o sistema financeiro e os bancos pratiquem mais atividade creditíssima, finalizou economista João Capitão.

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