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Sexta, 27 Março 2020 22:50

Governador do BNA rejeita que moeda nacional esteja em queda descontrolada

O governador do Banco Nacional de Angola (BNA) rejeitou hoje que o kwanza, moeda nacional, esteja “novamente num cenário de queda descontrolada”.

“Não é o caso”, disse José de Lima Massano, que falava hoje em conferência de imprensa depois da reunião do Comité de Política Monetária do banco central angolano.

Segundo José de Lima Massano, a depreciação de 10% de janeiro até à presente data do kwanza está em linha com fatores externos, nomeadamente a baixa do preço do barril de petróleo, situação que afeta outras economias com as características da angolana, nomeadamente a do Brasil e de quase toda a América Latina.

“Se nós olharmos para o que está a acontecer, por exemplo, com a economia brasileira, em que o real depreciou acima de 20% no mesmo período, o rand depreciou acima de 20% nesse período, aconteceu com quase toda a América Latina, o Chile, o Equador, Colômbia, México, Rússia - o rublo caiu mais de 20% -, nós caímos 10%”, referiu.

José de Lima Massano afirmou que em 31 de dezembro de 2019 foram efetuados os principais acertos e em janeiro verificou-se ainda “uma certa pressão”, com uma depreciação de 2,7%.

“No mês de fevereiro tivemos uma apreciação do kwanza em relação ao dólar, no mês de março voltamos a assistir a uma depreciação da moeda”, disse.

“Tivemos, sim, um ajustamento justificado por este contexto, de um fator externo, a queda acentuada do preço do petróleo”, salientou.

José de Lima Massano adiantou que as reformas a este nível estão essencialmente efetuadas, mas a situação vai continuar a ser monitorizada, “com os mesmos princípios, assegurar que o país disponha de reservas internacionais para cobrir responsabilidades e necessidades, que o mercado encontre o equilíbrio”, entre outros aspetos.

A consultora Capital Economics considerou, na semana passada, que os bancos centrais da Nigéria e de Angola, os dois maiores produtores de petróleo da África subsaariana, vão ser obrigados a desvalorizar as moedas para manter as reservas externas.

“Esperamos que os decisores políticos na Nigéria e em Angola vão ser forçados a desvalorizar as suas moedas nacionais num esforço para conservar as reservas em moedas externas”, escreveram analistas numa nota sobre como as principais economias africanas vão enfrentar o impacto do novo coronavírus no território africano.

Os analistas consideraram ainda que “na Nigéria, o aumento dos volumes de produção e o grande setor não petrolífero vai ajudar a acomodar o impacto”, mas em Angola, pelo contrário, “as receitas de exportação vão cair quase 2,5% do Produto Interno Bruto só no primeiro trimestre”, tornando Angola o país mais afetado por este contexto e “empurrando a economia para uma recessão ainda maior este ano”.

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