Em declarações ao VALOR, a empresária, que vai deixar a liderança da principal operadora angolana a 6 de Maio, mas mantendo-se no conselho de administração, contraria a tese de que, no país, se praticam preços mais caros de telecomunicações e que o aumento da concorrência vai ajudar a inverter este quadro. “A tarifa da Unitel é a mais baixa da SADC, cerca de 30 kwanzas para o primeiro minuto, 10 para os minutos a seguir, estamos a falar de oito e três cêntimos de dólar, respectivamente”, defendeu.
A empresária assegura que a “rentabilidade é muito baixa”, justificando-se com a excessiva dependência da importação das tecnologias. “As operações das operadoras móveis têm 70% do seu custo fixo na base do dólar e do euro e são tecnologias importadas, estamos a falar de licenças pagas anualmente em euros”, explica.
Segundo o Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, oito das 27 empresas que concorreram são estrangeiras, entre as quais a sul-africana MTN que desistiu alegadamente por considerar que o concurso estava viciado.
Dia 18 deste mês, o presidente angolano anulou o concurso público internacional para a quarta operadora de telecomunicações em Angola, alegando que a empresa vencedora não apresentou resultados operacionais dos últimos três anos, como impunha o caderno de encargos.
A empresa angolana Telstar foi considerada, em 12 de abril, a vencedora do concurso para a exploração da quarta operadora de telecomunicações em Angola mas num decreto presidencial datado de hoje, o Presidente, João Lourenço, justificou a decisão com o incumprimento da concorrente em apresentar o "balanço e demonstrações de resultados e declaração sobre o volume global de negócios relativo aos últimos três anos".
Durante uma conferência no resort egípcio de Sharm El-Sheikh em Dezembro de 2017, Isabel dos Santos alertou para um cenário não sustentável, o da existência de quatro operadoras para um mercado de apenas 24 milhões de habitantes, segundo a filha mais velha do ex-presidente angolano "provavelmente levará fusões de algumas operadoras no final de um período de cinco ou seis anos".