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Terça, 01 Março 2022 13:27

Trigo atinge nível mais alto em quase 14 anos; Putin adota controle de capitais e rublo se recupera; petróleo passa de US$ 100

O petróleo voltou a subir acima de US$ 100 o barril nesta terça-feira, maior cotação desde 2014, enquanto os minvestidores ainda se comportam com incertezas por conta da invasão da Ucrânia pela Rússia.

As conversas entre os dois países começaram, mas ainda estão longe de um cessar-fogo imediato. O rublo se recuperava da forte queda causada por sanções ocidentais. O trigo atingiu seu nível mais alto em quase 14 anos.

Como a Rússia é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, os futuros de petróleo Brent para entrega em maio subiram 5,96%, para US$ 103,81 o barril. Há o temor da interrupção na cadeia de fornecimento. É a maior alta do Brent em sete anos, quando atingiu US$ 105,79 quando a Opep, grupo dos principais países produtores, se reuniu para discutir como ficaria a produção.

Já os futuros do petróleo leve americano (WTI), referência nos Estados Unidos, para entrega em abril registraram alta de 5,25%, atingindo US$ 100,75 o barril.

"A situação frágil na Ucrânia e as sanções financeiras e energéticas contra a Rússia manterão a crise energética alimentada e o petróleo bem acima de US$ 100 por barril no curto prazo e ainda mais se o conflito aumentar ainda mais ”, disse, em nota, Louise Dickson, analista sênior de mercado de petróleo da Rystad. Energy.

Bolsa de Moscou continua fechada

A Rússia avança em medidas de controle de capitais e prepara um decreto presidencial com medidas para frear a saída de investimentos estrangeiros do país, afirmou o primeiro-ministro russo, Mijaíl Mishustin, nesta terça-feira.

"Nós preparamos um projeto de decreto presidencial para implementar restrições temporárias para a saída (de investidores estrangeiros) de ativos russos", para "permitir que as empresas tomem decisões lúcidas", ao invés de sob "pressão política", disse ele, de acordo com agências de notícias estatais.

Investidores disseram que os controles de capital que estão sendo impostos pela Rússia e a falta de disposição dos estrangeiros em trocar moedas fortes por rublos limitam a venda de moedas no país.

Em Moscou, as negociações no mercado de ações e derivativos estão novamente suspensas nesta terça-feira, assim como os negócios no mercado de câmbio.

O rublo estava sendo negociado a 94 por dólar, tendo recuperado quase todas as perdas de segunda-feira ajudadas pela duplicação das taxas de juros do banco central. A moeda russa encerrou a segunda-feira com queda de cerca de 20%: para comprar US$ 1 eram necessários 101,4 rublos. Para conter a derrocada da divisa, o banco central (BC) russo dobrou a taxa de juros de 9,5% para 20%. Não foi suficiente.

O rublo chegou a cair até 30%, para um recorde de 120 por dólar, depois que os países ocidentais golpearam a Rússia com as sanções de maior alcance já impostas a uma economia global tão interconectada.

Essas medidas incluem cortar os principais bancos da Rússia da rede financeira internacional SWIFT e sancionar seu banco central em uma tentativa de limitar a capacidade de Moscou de implantar seus US$ 630 bilhões em reservas estrangeiras.

Mais amplamente, a volatilidade do mercado de câmbio está em seu nível mais alto desde o final de 2020, conforme medido por um índice do Deutsche Bank (.DBCVIX). O rublo caiu quase 30% em relação aos seus melhores níveis este ano.

Na Ásia, bolsas se recuperam

Na Ásia, as bolsas tiveram um dia positivo, após a abertura de diálogo entre Rússia e Ucrânia, embora os dois países não tenham chegado a um acordo. Os investidores fizeram uma pausa para fazer um balanço do conflito. A Bolsa de Tóquio subiu 1,2%, enquanto a bolsa de Hong Kong fechou com alta de 0,46%.

“Os mercados de ações asiáticos se recuperaram após a forte queda nos últimos dias de negociação. Mas a primeira rodada de negociações entre a Ucrânia e a Rússia não ofereceu nenhum avanço, o que significa que os riscos de mais sanções prevalecerão e os preços das commodities podem subir ainda mais", afirmou Gary Ng, economista sênior da Natixis em Hong Kong, à Al Jazeera

Na Europa, os principais pregões operam no negativo, com a alta do petróleo nesta terça-feira. A bolsa de Frankfurt cai 2,79%, Londres recua 1,41% e Paris tem queda de 3,12%.

Nos Estados Unidos, os índcices acionários abriram de forma mista: o Dow jones recua 0,49% e o S&P500 perde 0,24%. Já o Nasdaq, índice que repune as principais empresas de tecnologia, sobe 0,34%.

As ações da gigante do petróleo Shell estavam estáveis depois que ela se tornou a mais recente empresa ocidental a anunciar que estava se retirando da Rússia, inclusive de uma grande usina de gás natural liquefeito. Suas ações caíram 1,4% no pregão de segunda-feira.
— Assumindo que não há uma resolução rápida para esse conflito, tememos que o PIB global possa ser reduzido em 0,5% a 1,0% — afirmou Paul Jackson, chefe global de pesquisa de alocação de ativos da Invesco, acrescentando:

— Isso é suficiente para agravar a desaceleração em curso, mas não o suficiente para produzir recessão, embora algumas partes da Europa possam ver uma recessão.

Jackson alertou que a inflação permanecerá mais alta por mais tempo.

Os investidores estrangeiros detinham US$ 20 bilhões do governo russo denominado em dólares e rublos no final do ano passado, de acordo com dados do banco central russo, enquanto detinham pouco mais de US$ 85 bilhões em ações, segundo a Bolsa de Moscou.

Trigo, milho e soja em alta

Os futuros de trigo em Chicago continuaram a subir nesta terça-feira, atingindo seu nível mais alto em quase 14 anos, com os comerciantes temendo uma interrupção prolongada no fornecimento global após a invasão da Ucrânia pela Rússia, um importante exportador de grãos. O contrato de trigo mais ativo na Bolsa de Grãos de Chicago subiu 4,9% a US$ 9,79-1/2 por bushel. Anteriormente, atingiu US$ 9,81-3/4, um nível não visto desde abril de 2008 e que superou a alta de 13 anos e meio vista na sexta-feira.

No mercado Euronext, o trigo em maio valorizou 6,7% para € 336,75 (US$ 376,28) a tonelada. O contrato de março menos ativo, que expira na próxima semana, estabeleceu um recorde histórico para a Euronext em € 347,50.

A alta dos preços do grão provocada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia pode afetar o custo do pãozinho, das massas e biscoitos que chegam à mesa dos brasileiros. A Rússia e a Ucrânia juntas respondem por cerca de 30% das exportações mundiais de trigo, e a invasão de Moscou lançada na última quinta-feira levou ao fechamento dos portos da Ucrânia e a sanções financeiras ocidentais sem precedentes contra a Rússia.

O milho também subiu ainda mais para ser negociado perto de uma alta de oito meses, com o mercado enfrentando interrupções de curto prazo nos embarques da Ucrânia, bem como o risco de que um conflito persistente possa prejudicar o plantio de primavera.

Os preços da soja também estão em alta à medida que os mercados de oleaginosas temiam pelo fornecimento de óleo de girassol da Ucrânia e da Rússia, uma preocupação que ofuscou os sinais de melhor clima para as lavouras de soja na América do Sul.

O contrato de milho de Chicago (CBOT) mais ativo subiu 3,0% a US$ 7-11-3/4 por bushel, perto da alta de oito meses da última quinta-feira. Os investidores também estão preocupados com as consequências para a próxima safra. Quanto à soja CBOT, eles adicionaram 2,4%, para US$ 16,75 e meio por bushel.

Espera-se que os combates na Ucrânia interrompam o processamento e a exportação de oleaginosas da Ucrânia por pelo menos um mês, reduzindo a oferta de produtos de girassol, disse a consultoria Strategie Grains. GLOBO

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