Sábado, 06 de Julho de 2024
Follow Us

Sexta, 24 Junho 2016 11:31

Febre-amarela mostra que Luanda pode ter população superior ao número do Censo

Agência da ONU cita estudo independente que estima haver mais moradores do que se pensava; a OMS fez chegar mais de 2,3 milhões de vacinas ao país, tendo a epidemia já causado 3.294 casos e pelo menos 347 mortes.

Um estudo independente para avaliar a vacinação contra a febre amarela em Luanda supõe que pode haver “entre 1 milhão e 2 milhões de pessoas a mais” em relação aos dados actuais sobre a capital angolana.

A informação consta da mais recente actualização sobre o surto, publicada pela Organização Mundial da Saúde, OMS. As projecções do Censo da População 2014 estimam haver 6,5 milhões de habitantes na capital angolana. A Rádio ONU conversou com o representante da agência em Angola, Hernando Agudelo que confirmou terem chegado recentemente mais cerca de 2,3 milhões de vacinas ao país.

“Em princípio foi um censo bem feito. Foi feita uma análise de consenso para ver se havia uma boa qualidade. A qualidade do censo foi boa. O que traz dúvidas é que, apesar de todas as vacinas e da gente vacinada a nível nacional, ainda não temos uma cobertura de 100% mesmo tendo já chegado a mais de 6 milhões de pessoas vacinadas. Ainda faltaria meio milhão por vacinar. Não posso afirmar que a população de Luanda não está correcta, em concordância com o censo.”

Novos Casos

Entretanto, os planos para aumentar o número de pessoas vacinadas envolvem vários parceiros do governo. Desde Dezembro foram notificados 3.294 casos suspeitos de febre amarela em todo o país, com pelo menos 347 mortes.

Em todas as 18 províncias angolanas já foram confirmados pacientes. A maioria deles são homens entre os 15 e 19 anos de idade seguidos por indivíduos do mesmo sexo entre os 20 e 24 anos.

Esta semana começa a vacinação em áreas da província de Cunene, enquanto o processo continua na Lunda Norte e Zaire. A imunização conta com o apoio de agências que incluem a OMS e o Fundo da ONU para a Infância, Unicef.

Campanha simultânea em Angola e RDC

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que vai lançar uma campanha de vacinação de emergência em Angola e na República Democrática do Congo para deter o surto de febre-amarela na região.De acordo com um comunicado da OMS, como o surto de febre-amarela prevalece na região, a agência da ONU vai lançar uma campanha de vacinação de emergência na RDC, na fronteira de Angola e na capital congolesa, Kinshasa, para deter a epidemia e o risco de propagação internacional.

A campanha inicia em Julho e terá como palco específico distritos com intensa circulação de pessoas e actividades comerciais, especialmente em distritos na fronteira norte de Angola e em distritos que fazem fronteira com países vizinhos. Especificamente, entre 75 a 100 quilómetros de distância da fronteira entre Angola e a RDC, tendo também como alvo zonas/comunidades em risco na cidade de Kinshasa. Esta operação vai criar uma área “tampão” imune para impedir a propagação internacional.

Até agora, mais de 15 milhões de doses de vacina foram entregues à Angola e à RDC.

No entanto, a necessidade urgente de acelerar as campanhas de vacinação e à falta de fundos suficientes para as actividades operacionais de campo, continuam a ser um desafio em Angola e na República Democrática do Congo.

Angola e RDC estão a ser apoiados pela OMS e outros parceiros para fortalecer a triagem nos principais pontos de entrada, incluindo Luanda, Kinshasa, Lubumbashi e Matadi. A vacinação está a ser oferecida nesses pontos de entrada aos viajantes elegíveis. Desde de 13 junho de 2016, em três países – China, Quénia e República Democrática do Congo – foram relatados casos ligados ao surto de febre-amarela despoletado em Angola.

As autoridades de saúde angolanas vacinaram perto de metade da população contra a febre-amarela em quatro meses, tentando desta forma travar a propagação da doença, que desde 05 de Dezembro já provocou 345 mortos no país e infectou quase 3.200 pessoas.

A informação consta de um relatório da OMS, segundo o qual 10.641.209 pessoas foram vacinadas no país contra a doença, até 10 de Junho.

Na RDC, segundo o Ministério da Saúde, ocorreram cinco casos fatais sendo que ainda há mais de mil casos suspeitos.

© OPAIS

 

Rate this item
(0 votes)