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Quinta, 09 Junho 2016 20:30

Moradores de Viana ao desespero queimaram supostos marginais

Cansada da falta de respostas das autoridades, perante o que dizem ser uma onda descontrolada de criminalidade, a população do município de Viana começou a "fazer justiça' com as próprias mãos. Segundo a reportagem do Novo Jornal online apurou no local, nos últimos dias três supostos marginais foram queimados, com a ajuda de pneus. A Polícia confirma apenas uma vítima mortal.

"Estes jovens que foram queimados fazem muita confusão aqui no bairro, roubam o pouco que já temos", contou um morador do Bairro do Kidiquiami, de onde, nas últimas horas, surgiram notícias da morte de dois supostos marginais, queimados às mãos dos populares.

"Quando toca as 18 horas ninguém mais pode circular, se for mulher é violada, homem é assaltado e batido. Eles bebem e fumam, nós sabemos quem são. Por isso, hoje, os miúdos agarraram-lhes, e como a esquadra policial fica distante do bairro, a população resolveu queimá-los e todos concordaram", relatou o mesmo morador, que reside no bairro há mais de cinco anos.

Antes do desfecho trágico, segundo o testemunho, os dois suspeitos foram espancados. Durante a agressão, uma voz fez-se ouvir entre a multidão: "Queimem", e de imediato a ordem foi consumada, detalha Gabriel Luigi, de 45 anos.

"Este bairro é pior do que um inferno, com roubos e mais roubos. O administrador não consegue colocar cá uma esquadra policial e não sabemos a razão. Daqui a um mês vocês vão ouvir o mesmo episódio, porque são vários grupos a actuar nesta área", protestou Maria José Saldanha, de 20 anos.

Não foi preciso esperar um mês, porque queimar meliantes parece ter virado prática comum no município de Viana, denunciada por um rasto de cinzas encontradas pela nossa reportagem nos locais apontados pelos moradores.

Polícia só aparece para retirar a cinzas

Pelo menos, tal como no Kidiquiami, também no Bairro da Kayaya um outro jovem viveu o mesmo inferno. Neste caso, os moradores alegam que o suposto meliante teria, na companhia de um amigo, tentado assaltar uma residência, algo que não chegou a acontecer, dada a pronta intervenção dos moradores, que neutralizaram o acto.

Apesar de o assalto ter sido abortado, aí surgiu, uma vez mais, a trágica ideia de colocar o pneu a derreter sobre o corpo do cidadão.

"Quando eram seis horas da manhã, os gatunos saltaram o muro da casa do meu vizinho, para mais um assalto. Eles foram apanhados por três jovens do bairro, um deles fugiu e o outro foi agarrado. As crianças começaram a gritar "gatuno, gatuno" e os vizinhos foram se aproximando para ver, enquanto outros lhes batiam. Como tudo aconteceu próximo da lixeira, ele foi jogado lá e queimado".

A história é contada por Alberto Fernandes, de 19 anos, que, questionado sobre o porquê de não ter acudido o jovem, respondeu que se o fizesse levaria uma sova.

Segundo várias testemunhas, o indivíduo queimado em plena luz do dia era um gatuno bem conhecido. Alguém que foi visto em fuga, numa moto do tipo rápida, depois de, supostamente, ter assaltado uma "cantina do mamadú", acompanhado de um amigo.

Já Joana Kuila, de 37 anos, reforça a crítica ouvida antes no Kidiquiami, direccionada ao poder local. "Como a delinquência aqui é demais, o nosso vizinho Pedro foi até à Administração Municipal dar um espaço do seu terreno para se construir uma esquadra. Isso foi há três anos, mas até o momento a administração não diz nada, mesmo ouvindo notícias destas mortes", lamentou a cidadã, acrescentando que a Polícia só aparece para retirar as cinzas.

Aliás, o fenómeno parece estar a passar ao lado dos relatórios policiais: fonte da Polícia Nacional confirmou apenas uma morte ao NJ.

NJ

 

 

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