O Tribunal Provincial de Luanda iniciou, na terça-feira, o julgamento dos responsáveis da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola acusados de envolvimento na morte de dez pessoas, pisoteadas e asfixiadas pela multidão na entrada do estádio da Cidadela Desportiva, em 2012, quando pretendiam assistir a um culto denominado " Vigília da virada - Dia do Fim".
Os responsáveis da IURD estão a ser acusados de crimes de homicídio voluntário e ofensas corporais, que causaram a morte de várias pessoas, entre elas quatro crianças, e ferimento de outras durante um tumulto.
O Ministério Público diz que os arguidos que tinham o único propósito a realização da maior vigília do fim de ano, em termos de aderência em Angola, incorreram na prática dos crimes de homicídios voluntários e onze de ofensas corporais previsto nos artigos 344 e 360 do Código Penal vigente em Angola.
Entretanto os advogados de defesa inocentam a Igreja Universal do Reino de Deus de qualquer crime e imputam a responsabilidade a outras instituições.
Ao divulgar o evento na época, a Igreja conclamou que todos levassem sua família porque haveria solução para problemas como “doenças, miséria, desemprego, feitiçaria, inveja, separação e dívida”.
Na avaliação do Corpo de Bombeiro, mais de 250 mil pessoas compareceram ao Estádio da Cidadela Desportiva, em Luanda, local da vigília, cuja capacidade máxima é de 70 mil.
Houve um tumulto e dez pessoas (incluindo quatro crianças) morreram por asfixia ou pisoteio.
Como punição, o governo de Angola suspendeu as atividades da igreja por 60 dias.
O Ministério Público argumentou que, se a Universal tivesse se preocupado com a segurança do evento, não haveria a tragédia.
Na época, Ferner Batalha, bispo-adjunto da Universal, admitiu que não esperava o comparecimento de tanta gente. Acrescentou que as autoridades tinham sido informadas sobre o "Dia da Virada".
O Tribunal Provincial de Luanda começou a julgar ontem (13) os pastores.
No “despacho de pronúncia” (aceitação do caso), o Tribunal afirmou que houve, na organização do evento, “erros seguramente evitáveis, caso [os pastores] tivessem acatado as boas práticas”.