O economista-chefe, que no Standard Bank acompanhas as economias de Moçambique e Angola, alerta que, "havendo um aumento das taxas de juro, aumenta também o serviço da dívida que cada um destes países paga, o que significa que teriam de gerar mais moeda externa para fazer face ao serviço da dívida, e este é um mecanismo pelo qual as alterações da Reserva Federal norte-americana têm impacto nas economias locais".
Na entrevista à Lusa a propósito dos impactos que as subidas das taxas de juros dos maiores bancos centrais têm nas economias da África subsaariana, particularmente em Angola e Moçambique, Fáusio Mussá vincou que com o aumento da remuneração do dinheiro, "o mercado norte-americano fica mais atrativo para os investidores, mas para estes dois países o que temos observado historicamente é que quem decide investir nestes países está a olhar para um investimento numa perspetiva de formação bruta de capital fixo, isto é, projetos concretos na economia real que atraem os investidores, como nos setores do petróleo ou do gás" em que os países são férteis.
Estas mexidas, nesse sentido, "não terão um impacto significativo quer em Moçambique, quer em Angola, porque o maior mecanismo de transmissão destes impactos seria por via do Investimento Direto Estrangeiro e, olhando para os projetos previstos para cada um destes países, não nos parece que o aumento das taxas de juro nos Estados Unidos vá afetar de forma negativa os projetos em 'pipeline' para cada uma destas economias", disse Fáusio Mussa.
Assim, continuou, "no curto prazo, o impacto mais imediato seria no aumento do serviço da dívida que, dependendo do aumento concreto, pode gerar pressão na balança de pagamentos, pode gerar uma procura de dólares acima do que seria normal no mercado e gerar pressão para as moedas se depreciarem em face do aumento da procura de dólares", explicou o economista.
No caso de Moçambique, "o mais importante é que haja algum desenvolvimento positivo em relação à reestruturação da dívida pública", porque isso será "o elemento com maior impacto para a economia", na medida em que "pode trazer os níveis da dívida para níveis mais sustentáveis e criam algum espaço fiscal para a gestão dos orçamentos", concluiu Fáusio Mussá.
