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Quarta, 06 Julho 2016 13:39

Um morto e dois feridos durante assalto no Malueca

O jovem vendedor de pinchos chegou a casa depois de mais um dia de trabalho. Foi-se deitar sem saber que aquele tinha sido o último dia da sua vida. Durante um assalto à sua casa, na noite de sábado para domingo, foi morto com um tiro na barriga. Deixou três filhos menores.

Eduardo Canda, vendedor de pinchos, de 30 anos, morreu na madrugada de sábado depois de ter sido baleado na barriga, e duas pessoas, a mulher e o primo, ficaram feridas durante um assalto à sua casa no bairro do Malueca, município do Cacuaco. Um dos assaltantes já foi detido pela polícia na posse da arma utilizada no assalto.

A família, que já estava a dormir, acordou sobressaltada com violentos empurrões à porta e, ao dar conta que se tratava de um assalto, Eduardo Canda tentou evitar a entrada dos assaltantes, que diversas testemunhas disseram ao Online do Novo Jornal serem pelo menos seis, colocando um móvel por detrás da porta.

"Enquanto dormíamos, escutamos vários empurrões na porta e percebemos logo que eram bandidos. O meu marido levantou-se e colocou o cadeirão na parte de trás da porta, para impedir a entrada dos meliantes", conta Maria Pemba Lande, mulher da vítima mortal.

Foi ao perceber que a porta estava trancada que um dos assaltantes disparou, através da porta, três tiros, atingindo o jovem vendedor de pinchos na barriga. Ainda foi socorrido, mas acabou por morrer no posto médico. Eduardo Canda, que deixa três filhos, era o único sustento da família.

Depois dos tiros, pontapés

Após os disparos, os assaltantes conseguiram entrar em casa, arrombando a porta, e, ainda segundo o relato de Maria Lande, "começaram a dar pontapés" em Eduardo Canda, que estava no chão.

Com o olhar submergido pelas lágrimas, sentada no meio da sala, ainda com dores no braço onde também ela foi alvo de um tiro, Maria Pemba Lande, de 25 anos, contou que, após os bandidos terem arrombado a porta, "deram fortes pontapés ao malogrado e colocaram um cadeirão sobre o seu corpo".

Quando viram a mulher a sair do quarto para socorrer o marido de forma a evitar que este fosse de novo atingido por um tiro, foi alvejada no braço esquerdo.

"Eles eram muitos e cercaram a casa toda. Assim que ouvi os gritos que vinham da sala, coloquei as crianças debaixo da cama e saí para socorrer o meu homem. Mas quando me viram, agarraram-me pelos cabelos exigindo dinheiro, o telefone e o plasma", descreve a mulher de Eduardo Canda.

Por esta altura, ainda vivo, Eduardo pediu à sua filha para entregar o dinheiro que estava dentro de uma mochila, uma quantia não especificada porque era resultado do trabalho desse dia a vender pinchos, aos assaltantes, para evitar novas agressões, tendo estes levado ainda a televisão e alguns DVD,s.

Na parte de fora da casa do malogrado está o quarto do seu sobrinho, João Alfredo, que também foi atingido com uma bala na perna quando estava a tentar pedir socorro.

De acordo com o tio da viúva, Rodrigues Manuel, os bandidos saíram da residência pouco depois da meia-noite. "Após a retirada dos bandidos, ligamos para a polícia, mas, infelizmente, só chegaram quando eram 13 horas", conta.

Eduardo Canda deixa três filhos menores. O funeral vai ter lugar na quinta-feira, no cemitério dos Mulenvos.

Moradores falam de assaltos constantes

Vários moradores do bairro do Malueca relataram ao Online do Novo Jornal que se sentem inseguros ao sair de casa com o cair da noite.

De acordo com Maria Valdemiro, moradora no bairro, muitos habitantes já foram assaltados quando saíam da residência, outros tiveram suas casas invadidas durante a noite.

"A insegurança aqui neste bairro é total, numa semana, só numa rua podem ocorrer quatro ou cinco assaltos. Ligamos para a polícia mas só aparece depois de várias horas", lamentou.

No entender de Jorge Paciência, um dos maiores incentivos à bandidagem naquela zona é a falta de energia eléctrica, que "já não chega ao bairro há mais de um mês".

"Estamos sempre às escuras e eles (os criminosos) aproveitam este clima para realizarem os assaltos", diz em tom acusatório este morador.

A Polícia Nacional, depois de contactado o porta-voz do Comando Provincial de Luanda, disse que já foi detido um dos assaltantes e que este tinha na sua posse a arma do crime. As investigações para encontrar o resto do grupo de assaltantes, continuam.

NJ

 

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