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Quinta, 28 Novembro 2013 18:15

Igreja católica angolana preocupada com falta de diálogo entre partidos

A Igreja Católica está preocupada com a falta de diálogo entre os partidos angolanos e considera "urgentíssimo" que a classe política encontre consensos, disse hoje â Lusa o porta-voz da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).

Segundo o bispo de Saurimo, José Manuel Imbamba, "ultimamente a linguagem dos políticos não tem sido a melhor".

"É com alguma preocupação que nós estamos a ver esta agitação de todos os partidos: o que governa o país e os outros que estão na oposição. Penso que estão a agudizar as suas posições a favor dos interesses dos seus partidos e não a favor dos interesses da nação", lamentou.

Perante esta situação, referiu o porta-voz da CEAST, a igreja tem vindo a apelar para que "todos os intervenientes tenham uma postura mais digna, tendo em conta o diálogo, que deve ser permanente, tendo em conta esse convívio na diversidade, que deve ajudar o próprio desenvolvimento, sem nos amarrarmos nas nossas posições em detrimento das outras, que também podem muito bem contribuir para o bem do país".

"E isto tudo requer de todos muita humildade, muita capacidade de escuta, muita capacidade de partilha e muita capacidade também de olhar para o bem comum", adiantou José Manuel Imbamba.

O bispo reconheceu o papel dos partidos na busca do poder, mas lembrou que tal "não pode ser feito a todo o custo".

"Há que dar tempo ao tempo, há que amadurecer o diálogo, há que trabalhar para que a democracia sirva aos interesses de todos e que a democracia não seja só uma capa", defendeu.

José Manuel Imbamba considerou como "preocupantes" os factos políticos que marcaram nos últimos dias a sociedade angolana, considerando que traduzem "sinais visíveis" de que o processo de reconciliação nacional "ainda tem um longo caminho a percorrer".

"Há necessidade de voltarmos às origens, àquelas mesas, àqueles assentos para dialogarmos, porque infelizmente o que está a acontecer agora é que cada um quer defender a sua posição. Falta colocarmos em comum os pontos de vista que devem nos ajudar a traçar o rumo para o país", destacou.

Para o prelado, "é urgentíssimo" o diálogo, porque "talvez existam maus conselheiros, talvez existam aproveitadores, talvez existam interesses estranhos, mas tudo isto não deve ser feito a qualquer preço, é preciso que o povo seja respeitado, a vontade do povo seja respeitada e a própria soberania também".

"Somos iguais e somos diferentes e o ser diferente não deve ser sinónimo de exclusão e então há que ter capacidade de ouvirmos aquilo que os outros têm para nos dizer mesmo que não comunguem com os nossos ideais", sublinhou.

É com "preocupação" que a igreja católica em Angola tem vindo a assistir nos últimos dias a uma "agitação de todos os partidos políticos, por isso considera "urgentíssimo" que a classe política recupere o hábito do "diálogo".

A preocupação de José Manuel Imbamba deve-se à degradação nos último seis dias da situação política em Angola.

A realização de uma manifestação não autorizada pelo Governo e convocada pelo principal partido da oposição e com uma operação de colagem de cartazes, promovida pelo seguindo maior, no passado fim de semana, e o funeral de um dirigente da oposição às mãos da Guarda Presidencial, na quarta-feira, foram os factos visíveis da crispação política existente.

Já hoje, todos os deputados da oposição abandonaram o parlamento em protesto contra a não-aceitação pelo partido no poder de um debate sobre os acontecimentos dos últimos dias.

 

LUSA

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