Sábado, 20 de Abril de 2024
Follow Us

Segunda, 28 Setembro 2015 08:10

Caso dos 15 presos políticos já em tribunal

O director do Serviço de Investigação Criminal (SIC), comissário-chefe Eugénio Alexandre, confirmou neste domingo, em Luanda, que o caso dos 15 presos políticos em Junho passado já está em Tribunal.

Em declarações à Rádio Nacional de Angola, Eugénio Alexandre disse que os jovens detidos estão bem de saúde e devem responder em juízo, visto ter-se concluído a fase de instrução do processo. Acrescentou que caberá ao juiz da causa decidir se os acusados aguardam o julgamento em liberdade ou não.

Os 15 cidadãos foram detidos, segundo a Procuradoria Geral da República, por tentativa de promoção de acções que levariam a uma insurreição ou a uma situação em que a ordem e a tranquilidade pública seriam seriamente afectadas em Angola.

Segundo o vice-procurador-geral, Hélder Pita Grós, numa entrevista anterior à Televisão Pública de Angola, o objectivo dos detidos era a alteração do poder político, da situação dos órgãos de soberania existente em função dos resultados eleitorais, um exercício que envolveu a participação de todos.

“Eles queriam alterar o presente quadro, quer o Presidente da República, a Assembleia Nacional e, portanto, houve de facto a necessidade de intervenção para não permitir que houvesse uma insurreição na sociedade, uma situação que qualquer um de nós não saberia o que fazer, porquanto os estudantes não poderiam sair para irem às aulas, os trabalhadores para os seus serviços e todo o mundo seria afectado”, explicou.

Por isso, argumentou o magistrado, houve essa reacção, não para coartar a liberdade de expressão, mas em função dos actos que tinham em vista e que estavam a ser meticulosamente preparados.

“As consequências de uma eventual rebelião seriam incalculáveis. Não podemos dizer porque isso seria como uma bola de neve. Inicialmente podia ser que nada acontecesse, mas também podia acontecer tudo e, como se diz, mais vale prevenir do que remediar e as tantas não teríamos como remediar”, realçou.

Disse que já havia instruções no grupo e estavam a ser dadas formações para que fossem para os bairros mobilizar estudantes e trabalhadores para todos saírem à rua. “Não sabemos o que poderia acontecer de concreto, mas uma coisa é certa a ordem e tranquilidade pública iriam ser seriamente afectadas”, acrescentou.

Sobre a possibilidade de se tratar de presos políticos, Hélder Pitra Grós defendeu a necessidade inicial de se fazer a diferença entre a liberdade de pensamento e de expressão, salvaguardada em Angola, porquanto as pessoas falam livremente, não existem mecanismos do estado que coarta esta liberdade e pode-se escrever livremente nos jornais e nas redes sociais sem receios.

“Não foi por pensarem, pela consciência, que foram presos. Foram presos somente porque estavam a preparar actos que levavam a sublevação do poder instituído. Se fosse por pensamento, seriam presos muito antes, porque toda a gente sabe o que as pessoas envolvidas e detidas pensavam, falavam e escreviam”, justificou.

O vice-procurador-geral da República informou ainda que os 15 indivíduos já receberam visitas de deputados de partidos políticos, tal como a CASA-CE e a Unita, que remeteram as suas preocupações em relação à situação destes à Procuradoria.

“Posso dizer que nenhum deles colocou a questão dos prazos de prisão puderem ser esgotados, da acomodação, do alojamento. Pediram somente que tivessem em conta a situação deles, para que os processos rapidamente pudessem ser concluídos”, frisou o responsável, para descartar as acusações, segundo as quais os detidos estão privados de contacto com outras pessoas.

Angop

Rate this item
(0 votes)