O pedido foi feito pelo maior partido da oposição na sessão parlamentar de hoje, maioritariamente dedicada ao caso que, a 16 de abril, vitimou nove polícias na província angolana do Huambo, mortos por membros da seita religiosa "A Luz do Mundo", também conhecida por "Kalupeteca", o nome do seu líder.
Na sua declaração política, a bancada parlamentar da UNITA repudiou o assassínio dos efetivos da polícia, mas também "a forma gratuita como se pretendeu transferir para as disputas partidárias aquilo que é visivelmente a incompetência demonstrada por algumas autoridades que deviam defender melhor os interesses de Angola e dos angolanos".
Manifestando preocupação com informações sobre a suposta morte de "centenas de civis", entre fiéis da seita e moradores da região, além dos efetivos da polícia - durante estes confrontos -, a bancada parlamentar da UNITA solicitou ao parlamento a realização "com a maior urgência possível" de um inquérito parlamentar para apurar "toda a verdade sobre o que se está a passar no Huambo".
No sábado, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, acusou "outras forças" de estarem na origem dos confrontos entre elementos da seita religiosa "Kalupeteca" e agentes da autoridade.
"Os dados até agora recolhidos permitem facilmente concluir que por detrás destes factos estão outras forças, que pretendem criar condições para um retorno a situações de perturbação generalizada, que não poderão ser toleradas", referia na altura um comunicado do bureau político do Comité Central do MPLA.
Embora sem concretizar a acusação, o partido recordava que "estes atos bárbaros" foram concretizados "com armas de fogo" que "ilegalmente" estavam na posse de pessoas "que pretendem alterar a ordem pública em Angola".
O incidente ocorreu a 16 de abril, no município da Caála, quando os agentes da Polícia Nacional, incluindo o comandante municipal, tentavam capturar o líder da seita - ilegal e que advoga o fim do mundo em 2015 - após confrontos na província de Benguela, que terminaram também com a morte de outro polícia.
Os efetivos foram surpreendidos e, na versão policial, abatidos a tiro por elementos da denominada igreja "A Luz do Mundo", conhecida por queimar livros, travar a escolarização e vacinação dos fiéis, concentrando-os em acampamentos sem condições e reunindo centenas de pessoas.
Desconhece-se ao certo o número de mortos entre os elementos desta seita provocados por estes confrontos.
Além do Huambo e do Bié, esta seita tem atividades conhecidas - ilegais por não estar reconhecida - nas províncias do Cuanza Sul, Cuando Cubango e Benguela, multiplicando-se nos últimos dias os confrontos com as autoridades e com a população.
LUSA