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Domingo, 28 Mai 2023 15:42

Grupos empresariais angolanos interessados na compra do BFA

O BPI tem em curso um processo organizado de venda do Banco de Fomento de Angola (BFA), onde é acionista com 48,1%.

O Jornal Económico apurou que o banco mandatou a boutique financeira internacional Exotix, especializada em operações de M&A (fusões e aquisições) em mercados emergentes para vender a participação no BFA.

Numa entrevista ao Jornal Económico que será publicada na próxima semana, o CEO do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, confirmou que o processo de venda está em curso, mas não adiantou detalhes.

Mas segundo as fontes do JE, há já duas propostas em cima da mesa. Os dois interessados são grupos angolanos. Um grupo industrial e um grupo financeiro angolano onde há investidores com capital europeu, nomeadamente de Londres. Não foi possível saber o nome dos dois investidores que já assinaram o NDA (Acordo de Confidencialidade), mas segundo fontes estão a decorrer as due diligences.

Depois de concluídas as due diligences, que estarão já na fase final, a Exotix espera receber as propostas vinculativas no próximo mês. O Jornal Económico sabe que o Governo português tem sido mantido informado, assim como o Banco Nacional de Angola.

O objetivo do banco do CaixaBank é fechar a venda da sua participação no BFA até ao fim de Julho. Desde 2017 que o Banco BPI está a tentar vender a participação que tem no banco em Angola, o Banco de Fomento Angola, e já houve vários processos desencadeados que acabaram por não desembocar numa venda.

Na última apresentação de resultados, o CEO do BPI disse que “recentemente, o Estado Angolano anunciou a privatização de um conjunto vasto de empresas onde se encontrava os 51,9% do BFA, que estão nas mãos da Unitel [que era liderada por Isabel dos Santos e agora pertence ao Estado angolano], por isso, estamos atentos a todas as oportunidades”.

João Pedro Oliveira e Costa assumiu na altura estar em contacto com as autoridades angolanas, mas também com os supervisores. O BPI tem de vender os 48,1% do BFA antes da venda em bolsa de parte das ações da Unitel, para evitar voltar a ser o maior acionista.

O Banco Central Europeu recomenda que o BPI não consolide integralmente bancos angolanos. Ora se o BPI voltar a ser o maior acionista corre o risco de ter de consolidar integralmente o BFA, razão pela qual está verdadeiramente empenhado em fechar o negócio em curso.

Tendo em conta a expetativa de venda, o BPI mudou a forma de integração das contas no BFA, e não reconhece os resultados trimestrais, contabiliza apenas quando os dividendos são entregues, o que não aconteceu até março, razão pela qual o banco português só contabilizou um milhão de euros do BFA nas contas trimestrais.

Quem comprar a posição do BPI no BFA, fica a um passo do controle do banco, bastando para isso comprar ações em bolsa quando a Oferta Pública Inicial se concretizar. Está previsto uma dispersão de cerca de 15% do BFA por parte da Unitel, no atual contexto de privatizações que o Governo de João Lourenço está a levar a cabo.

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