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Quarta, 19 Abril 2023 21:21

Agronegócio está a diversificar a economia de Angola e grandes empresas não pertencem à elite do regime

Em entrevista à Voz da América, o ministro da Economia e Desenvolvimento aponta a necessidade de um "empresariado experiente, que navega pelo sistema financeiro, um ambiente de negócios propício e uma banca seja mais capacitada para melhor identificar os riscos".

O ministro da Economia e Planeamento de Angola afirma que a diversificação da economia está a avançar, de forma sustentada de um crescimento de pouco mais de um por cento em 2019 para cinco por cento nos últimos três anos, com a agro-indústria à cabeça.

Em entrevista à Voz da América, em Washington, Mário Caetano João afirma que Angola está a mudar o paradigma da sua economia que, antes da Independência, em 1975, era virada para a produção, consumo nacional e exportação, mas que devido à guerra civil passou para uma economia de importação e distribuição, "ao ponto de 95 por cento dos bens e serviços consumidos na nossa economia vinham do exterior".

"Alterar um paradigma de mais de 40 anos é muito difícil e há um conjunto de questões que precisam ser amadurecidas", diz Caetano João, quem aponta a distribuição de dois mil milhões de dólares colocados à disposição do empresariado, entre 2020 a 2022, principalmente através da banca comercial.

Também o Banco de Desenvolvimento de Angola tem dado muitos créditos à economia, mas há ingredientes que ainda precisam ser afinados para que a economia consiga ser sustentável, o que começa a acontecer com a "diversificação".

Mário Caetano João aponta a necessidade de um "empresariado experiente, que navega pelo sistema financeiro, um empresariado maduro, um ambiente de negócios propício e que a banca seja mais capacitada para melhor identificar os riscos", nomeadamente no campo agrícola, que é um mercado de risco.

Agronegócio motor da diversificação

A oposição e vários especialistas angolanos continuam a defender uma maior diversificação da economia, afastando assim a dependência do petróleo que, por si só, tem oscilações com efeitos cascatas, como a crise de 2014 que afectou profundamente o país.

O ministro da Economia e Planeamento assegura que "o agronegócio tem sido o principal motor da diversificaçao angolana, que saiu de 57 por cento de participação do Produto Interno Bruto (PIB) não pretrolífero em 2011, para cerca de 75 por cento em 2022", o que significa que o sector petroliefero responde por apenas 25 por cento do PIB, embora o país continue dependente do petróleo nas receitas, com 66 por cento, e 95 por cento das exportações.

Na conversa, aquele governante apresenta vários programas em curso, como o Planagrão, Planapesca e Planapecuaria, nos quais o Governo tem investido milhões de dólares na produção.

Mário Caetano João prefere responder com números, segundo ele, à pergunta se as grandes empresas continuam nas mãos da elite do poder, como tem denunciado a oposição, analistas e até economistas.

"Até 2019, não mais de 40-50 projectos eram financiados pela banca comercial, hoje temos dois mil projectos, mas será que estes dois mil são os mesmos, não acredito, portanto não", afirma João, quem aponta o exercício feito pelo seu Ministério de ir a todos os muncípios ver quem estava a produzir e dar um financimento à medida do que precisam "é a grande mudança".

O governante acrescenta que a taxa de crescimento na agricultura até 2020 era 1,2 por cento e "nos últimos três anos a taxa tem de ser de cinco por cento, e vamos continuar".

Desafio é chegar a uma economia de 290 mil milhões de dólares

Outros programas como Kuenda vai continuar e o objectivo é chegar a 1,5 milhões de pessoas até 2024, mas o ministro diz querer chegar a três milhões, bem como o projecto de reconversão da economia informal, que tem permitido às pessoas conseguirem recursos na banca acima de 10 milhoes, 20 mlhões, milhões de dólares.

O ano de 2024 é apontado como determinante para o futuro de Angola que, na perspectiva do ministro da Economia e Planeamento, deverá passar de uma economia de 120 mil milhões de dólares para aproximadamente 290 mil milhões de dólares, onde se encontra, actualmente a África do Sul.

Para os próximos cinco anos, Mário Caetano João aponta uma estratégia asssente em três pilares de desenvolvimento.

“Pilar do capital humano, o principal responsável pelo desenpenho socio-económico, com foco na educação, o pilar das infraesturutras para garantir a mobilidade de bens, serviços e da população e o pilar da diversificação em que o foco é o agro”, diz o ministro que também aborda o processo de graduação de Angola a País de Rendimento Médio. VOA

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