O Serviço de Investigação Criminal de Angola anunciou, na quinta-feira, a detenção de um homem, pertencente a uma rede criminosa, que atuava junto das embaixadas de Portugal e Brasil, em Luanda, prometendo vistos em troca de dinheiro.
O homem é suspeito de integrar um grupo de pessoas que permanecem nos arredores das embaixadas destes países, em busca de cidadãos que procuram obter vistos, prometendo consegui-los em troca de 600 mil kwanzas (1.388 euros).
“Estamos disponíveis para cooperar com as autoridades angolanas nas investigações em curso. Temos todo o interesse no cabal e rápido esclarecimento destas alegações”, disse à Lusa a cônsul-geral de Portugal em Luanda, Cláudia Boesch, adiantando que não foram ouvidos funcionários do consulado-geral.
A mesma responsável afirmou não ter tido, até ao momento, “qualquer indício de envolvimento de funcionários do quadro deste consulado-geral em práticas desta natureza”, sendo analisadas todas as denúncias que são transmitidas.
O posto consular tem conhecimento da utilização abusiva das plataformas de agendamento - quer do Centro de Vistos VFS, quer da plataforma de agendamento online de atos consulares – bem como da existência de “intermediários” que operam nas imediações das diferentes missões diplomáticas e aliciam os requerentes de visto, mas não identificou até agora “qualquer indício” de que haja funcionários do quadro implicados nestes atos.
“Todas as denúncias que nos são transmitidas pelos utentes são tratadas com seriedade, sendo devidamente averiguadas e, quando relevantes e credíveis, encaminhadas para as competentes autoridades angolanas”, sublinhou Cláudia Boesch.
Questionada sobre se o consulado mantém a confiança na empresa VFS, a diplomata respondeu que o Centro de Vistos – VFS é um prestador de serviço externo com o qual Portugal colabora em diferentes países, mantendo-se a avaliação positiva da sua prestação.
“O Centro de Vistos – VFS receciona os pedidos de visto, não tendo qualquer intervenção na análise dos processos, ou na tomada de decisão relativa à concessão de vistos”, complementou.
O Consulado do Brasil anunciou recentemente o fim da necessidade de agendamento para dar entrada no processo de solicitação de vistos junto à VFS, que entrou em vigor em 17 de maio, uma decisão que Portugal não vai seguir, pelo menos para já.
“Os pedidos de visto para Portugal são, neste momento, apresentados mediante agendamento prévio, efetuado através da plataforma de agendamentos gerida pelo Centro de Vistos – VFS, não estando perspetivado o fim desta modalidade”, disse a cônsul-geral.
Cláudia Boesch garantiu, no entanto, que têm sido introduzidas “medidas de securização” para combater a utilização abusiva de plataformas de agendamento, nomeadamente a apropriação de vagas e está a ser analisado “o ulterior reforço de meios humanos e tecnológicos do consulado-geral”.