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Sábado, 23 Abril 2022 19:42

“Guerra” continua sem fim à vista entre Unitel e Africell

Diferendo entre velhos e novos operadores levou à intervenção pública do regulador do sector, o INACOM, que afirmou ser obrigatório partilhar infraestruturas. Unitel defende-se com, entre outros aspectos, a impossibilidade técnica de acolher a Africell. Disputa pode causar decréscimo na qualidade.

A entrada em cena da quarta operadora de telecomunicações, a Africell, está a agitar o sector. Desejada pelos clientes devido à promessa de baixos preços, a empresa tem, no entanto, um problema natural nesta fase do campeonato: precisa de infra-estruturas e redes técnicas para providenciar os serviços necessários.

O Estado defende que a Unitel deve partilhar a sua infra-estrutura mas a Africell não pretende pagar o que a Unitel solicitou.

A líder de mercado ainda argumenta que não tem condições técnicas na sua rede para acolher a nova concorrente. Para replicar as 3.500 estruturas de base que a Unitel possui um pouco por todo o País, a Africell precisaria de investir qualquer coisa como 6 mil milhões USD, um valor muito elevado, sobretudo num País que enfrenta elevados custos de contexto que encarecem toda a actividade económica.

Por outro lado, as redes de telecomunicações implementadas em Angola necessitam de mais investimentos, realidade que tem sido demonstrada diariamente com um evidente decréscimo na qualidade dos serviços prestados. Segundo apurou o Expansão, as operadoras em geral são obrigadas a fazer investimentos em ciclos de 8 a 10 anos.

“Neste contexto, se a Unitel partilhar a sua rede com a Africell, este cenário vai provocar ainda mais problemas ao nível da qualidade dos serviços. A rede já está com falhas devido à falta de investimento e não parece ter condições para suportar as operações da Africell”, explica ao Expansão uma fonte com longos anos de trabalho no sector das telecomunicações.

Neste momento a Unitel, que é líder destacada em termos de quota de mercado e a maior empresa privada nacional, enfrenta um conjunto de pressões internas que podem ter vários efeitos. Por um lado, a empresa vive dias de indefinição ao nível da gestão, devido ao conflito latente com a accionista Isabel dos Santos (25% envolvidos em diversos processos judiciais), que ainda esteve envolvida na nomeação do Conselho de Administração actualmente em funções.

O Governo tem procurado afastar esta equipa de gestores mas, para isso acontecer, é necessário realizar uma assembleia geral de accionistas. Apesar das várias tentativas, não tem sido possível realizar o encontro. E a Sonangol, que é a maior accionista da Unitel (50%), mantém-se em silêncio.

Por outro lado, o surgimento da Africell coloca o líder de mercado na peugada dos novos competidores, sobretudo para evitar perder quota de mercado. “Dificilmente a Africell vai sair das grandes cidades do litoral (Luanda, Cabinda, Lobito e Benguela) nos próximos cinco anos”, acredita outra fonte do Expansão também com vários anos de expe[1]riência no sector das telecomunicações. “Para serem partilhadas, as infra-estruturas precisam de estar preparadas para o efeito, o que não acontece em Angola. Por isso, não se trata apenas de má vontade ou impedir a operação dos concorrentes”, Expansão

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