No passado sábado Luanda foi também palco de protestos, com uma marcha do desemprego, organizada por jovens, e dos lesados dos projetos habitacionais da empresa Build Angola que alegam ter sido vítimas de burla e reclamam justiça.
Em declarações à Lusa, Benedito Jeremias “Dito Dali”, um dos organizadores, disse que o objetivo “é exigir ao Presidente da República [João Lourenço] que afaste imediatamente Edeltrudes Costa por estar envolvido em negócios ilícitos e alegadas transferências ilícitas de dinheiro para o exterior”.
Enquanto isso “aos angolanos faltam medicamentos nos hospitais, faltam médicos, faltam empregos para os jovens”, sublinhou “Dito Dali”, notando que o desemprego em Angola “é galopante”.
O ativista considerou que Edeltrudes Costa não tem condições para continuar no Governo e deve ser afastado, pedindo responsabilização política e criminal do chefe de gabinete e criticando o silêncio de João Lourenço.
“O Presidente da República continua silencioso. Este silêncio compromete as instituições públicas e a própria imagem do Presidente”, frisou.
O ativista adiantou que vão ser recolhidas assinaturas durante a manifestação e que serão depois remetidas à presidência e Procuradoria-Geral da República, órgão junto do qual pretendem apresentar uma denúncia pública.
O protesto está a ser convocado pelas redes sociais e tem concentração marcada para as 11:00 no Largo da Independência (1.º de Maio).
O caso, que foi noticiado recentemente pela estação televisiva TVI, envolve a contratação de uma empresa de consultoria de Edeltrudes Costa num negócio que tinha como objetivo a modernização dos aeroportos angolanos e terá rendido vários milhões de euros em contratos públicos que foram autorizados pelo chefe de Estado angolano.
O dinheiro terá sido usado para comprar casas de luxo em Sintra e Cascais, no distrito de Lisboa.
Na semana passada, o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição angolana, mostrou-se preocupado com o envolvimento de "figura relevante" da presidência da República em atos de alegado favorecimento em negócios.
Em causa estão "acusações bastante graves de violação à transparência e à Lei da Probidade Pública, inclusive com a indicação de que estas violações foram possíveis, porque também assinadas pelo Presidente da República", destacou Adalberto da Costa Júnior.