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Segunda, 28 Janeiro 2019 14:51

Governo promete solucionar reivindicações de ex-oficiais generais reformados

As autoridades angolanas travaram hoje a manifestação dos ex-Oficiais Generais, Superiores e Subalternos Reformados que tencionavam protestar contra "descontos nas pensões" e "pagamento de subsídios", garantindo solucionar as suas reivindicações quando o Presidente angolano regressar ao país.

Concentrados, na manhã de hoje, na sede da Associação, no bairro da Madeira, distrito urbano da Maianga, arredores de Luanda, os mais de cem ex-Oficiais Generais, Superiores e Subalternos Reformados angolanos foram "surpreendidos por uma equipa negocial do Governo angolano".

Após uma reunião de hora e meia entre os manifestantes, representantes do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE) angolano e efetivos de polícia de Luanda, as autoridades propuseram o adiamento da marcha, devido à ausência do chefe do Estado angolano, João Lourenço, em visita privada aos Estados Unidos da América.

A proposta do SINSE e da polícia angolana foi aceite pelos ex-Oficiais Generais, Superiores e Subalternos Reformados, disse o presidente da associação, José Alberto Limuqueno.

"A manifestação foi adiada porque o camarada Presidente, João Lourenço, está ausente, então, para não mancharmos a sua imagem, e para não haver aproveitamento político devido à sua ausência, então decidimos aceitar esse conselho", disse.

"Aguardamos que ele (Presidente angolano) regresse ao país, tome conhecimento da nossa atitude e encontre uma saída, um caminho para a resolução dos problemas, porque há coisas que pensamos que ele domina e por vezes não", adiantou.

A Associação dos Ex-Oficiais Generais, Superiores e Subalternos Reformados pretendia marchar hoje de forma pacífica até ao Tribunal Provincial de Luanda para protestar contra "os descontos abusivos" nas pensões e exigir o pagamento dos subsídios cortados desde 2008.

Em declarações à agência Lusa, José Alberto Limuqueno, na reforma desde 2004, indicou que a Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas deve mais de 49.000 milhões de kwanzas aos mais de 350 associados.

De acordo com o brigadeiro reformado das extintas Forças Armadas de Libertação de Angola (FAPLA), ex-braço militar do MPLA, partido no poder, os oficiais e generais “estão agastados" porque a par dos descontos aos subsídios das empregadas foram também "cortadas remunerações por grau militar".

José Alberto Limuqueno deu conta que no encontro de hoje com as autoridades angolanas, ficou também acordada a realização de uma reunião com o chefe do SINSE, general Fernando Garcia Miala, para a resolução "serena e urgente" das suas inquietações.

"Vamos encontrar-nos com ele (Fernando Garcia Miala) que vai marcar a data para nos receber e vamos avisá-lo que este assunto deve ser resolvido com urgência porque já estamos cansados, frustrados", referiu.

"Também somos seres humanos e temos de ser tratados com alguma dignidade", apontou.

O responsável referiu que o valor global da dívida, que dura há 11 anos e que ronda os 340 mil milhões de kwanzas (cerca de 950 milhões de euros) referindo que o Presidente angolano, João Lourenço, "não pode estar à margem" das preocupações dos ex-oficiais reformados.

Santos António Chimupi, tenente-coronel reformado, agora com 62 anos, lamentou igualmente as dificuldades por que passa junto da família, recordando que "combateu arduamente para a paz em Angola".

"Estamos a sofrer demais, estamos a passar mal, muitos de nós estão a desaparecer, o salário que nos subtraem é demais, trouxemos a paz em Angola, mas somos vistos como gatunos, malandros e analfabetos, não há nenhuma ajuda para nós", lamentou.

Também João José, outro tenente-coronel reformado, sublinhou que decidiram adiar a marcha de protesto por "respeito às autoridades do país", lamentando, contudo, a "ausência de medidas" para a resolução das duas preocupações.

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