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Segunda, 29 Fevereiro 2016 14:38

Embaixador angolano recusa comentar caso relacionado com Manuel Vicente

O embaixador de Angola em Portugal escusou-se hoje a comentar o caso judicial relacionado com o vice-Presidente Manuel Vicente, que disse acompanhar pela comunicação social, assegurando que os dois países trabalham para uma «melhoria permanente» das relações.

"Estamos a acompanhar o processo através dos meios de comunicação social, e o que sabemos é que está sendo conduzido pelas instâncias e instituições competentes do Estado português", disse José Marco Barrica à margem da conferência "Construir um futuro sustentável", que decorre hoje em Lisboa, organizada pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal Angola.

"É bom costume não interferir nos assuntos que estão a ser tratados de modo competente por quem de direito", disse o diplomata, sublinhando que o que Angola tem vindo a defender "é que as relações entre os dois países e povos devem-se pautar sempre na linha de melhoria permanente, e quer as autoridades portuguesas, quer as angolanas, têm vindo a trabalhar para solidificar e aprofundar as relações".

Barrica foi o primeiro representante do Estado angolano a falar sobre as notícias que têm saído na imprensa portuguesa nos últimos dias, e que dão conta do envolvimento do agora vice-presidente de Angola em processos tratados de forma preferencial por um procurador do Ministério Público.

Questionado especificamente sobre se houve contactos entre as autoridades dos dois países sobre este caso, Barrica respondeu: "O que temos vindo a acompanhar é a análise de questões bilaterais em todos os domínios dos dois países e não se fazem análises de assuntos particulares ou isolados, é sempre numa perspetiva mais global".

Sobre as eventuais consequências para as relações entre os dois países, o embaixador disse que "não compete à missão diplomática pronunciar-se sobre assuntos de justiça" e acrescentou estar "em crer que as instâncias a conduzir o processo são as competentes".

O Ministério Público anunciou na semana passada, em comunicado, que o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, não é arguido no âmbito da "Operação Fizz", que levou à prisão o procurador do Ministério Público Orlando Figueira.

"Neste momento, o inquérito tem três arguidos constituídos - uma pessoa coletiva e duas singulares - não se encontrando entre os mesmos Manuel Vicente", refere o Ministério Público, num comunicado enviado à agência Lusa.

Na quarta-feira, uma fonte ligada ao processo disse à Lusa que o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, está indiciado por corrupção ativa no âmbito deste processo.

O procurador do Ministério Público Orlando Figueira - em licença sem vencimento desde 2012-, foi detido no âmbito da "Operação Fizz", da Polícia Judiciária, por suspeitas de corrupção passiva, branqueamento de capitais e falsidade informática.

Orlando Figueira foi o procurador responsável pelos processos "BES Angola" e "Caso Banif", que arquivou, relacionados com capitais angolanos e, segundo fontes ligadas ao caso, é suspeito de ter favorecido processos em Portugal relacionados com o vice-presidente angolano Manuel Vicente.

Em declarações à Lusa na quarta-feira, Paulo Blanco explicou que os elementos da PJ levaram cópias de declarações, sobre os vencimentos que o atual vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, auferia entre 2007 e 2010, quando exercia atividades na Sonangol, BCP (ActivBank) e Banco Angolano de Investimentos (BAI), entre outras entidades, e que pertenciam a um processo que foi arquivado em 2012.

Lusa

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