Contestatário assumido da liderança do presidente da FNLA, Nimi a Simbi, o ex-porta-voz do partido, no tempo de Lucas Ngonda, explicou que suspeita estar a ser perseguido, desde que tomou a iniciativa de encabeçar um grupo de militantes que se posiciona contra a actual gestão do partido.
“Tenho recebido certas ameaças, uma situação que me levou a abandonar a minha casa e passar a dormir em sítios menos dignos, sempre para poder me disfarçar, antes de viajar para França”, adiantou-se a esclarecer Mfinda Matubakana.
“Não tenho problemas com ninguém, não tenho dívidas, nem material ou financeira, sei lá, até posso ir mais além, nunca andei com a mulher do outro e não vejo razões para ser perseguido”, acrescentou.
Mfinda Matubakana disse que passou a viver um clima de insegurança depois que, na companhia de outros militantes, promoveu uma conferência de imprensa para manifestar descontentamento com a liderança de Nimi a Simbi, tendo, na ocasião, acusado o actual líder do partido de “analfabeto político”.
“Estou a desconfiar do meu próprio partido, a FNLA. Sempre tentamos manter um encontro com o presidente, mas nunca aconteceu”, acentuou.
De acordo, ainda, com o membro do Comité Central e do Bureau Político da FNLA, as críticas a Nimi a Simbi e à gestão do partido têm razões de ser e lamenta o facto de o presidente não estar aberto a ouvir as propostas dos militantes.
“As críticas são construtivas e não criticamos só por criticar, mas também apresentamos as nossas propostas”, acrescentou, para em seguida reforçar que por criticar tem sido obrigado a fugir das ameaças, tendo na última vez que se sentiu inseguro quase chegou a acidentar com a viatura, ao tentar escapar de uma alegada perseguição, em Luanda.
Questionado se chegou a fazer alguma participação à Polícia, antes de abandonar o país, Mfinda Matubakana respondeu ter ponderado comunicar às autoridades policiais, em virtude de não ter, ainda, a certeza de quem estará a engendrar, alegadamente, a sua morte.
“Na verdade, não fiz por questão de precaução também. Não sabendo de concreto de onde vem essa perseguição, achei inoportuno ir à Polícia”, salientou o político, para quem as pressões que sofria dia-a-dia e as ligações o aconselharam a deixar o país.
Mfinda Matubakana desempenhou vários cargos na FNLA, tendo exercido, de 1993 a 2000, as funções de secretário administrativo do partido no município do Rangel; secretário nacional para o Planeamento e Estatística (2008 a 2012); secretário nacional para a Organização das Organizações de Massas (2007-2010); secretário nacional para Organização de Massas (2010-2013); secretário Nacional para a Informação e Propaganda e porta-voz do partido (2019-2021); e comissário nacional, desde 2021.
Reacção da FNLA
O Jornal de Angola, na ânsia de obter uma reacção da direcção da FNLA, ou de algum membro da direcção, encetou, por via telefónica, chegar à fala com o presidente do partido, Nimi a Simbi, tendo todas as tentativas redundado em fracasso, pois as chamadas não eram atendidas e nem as mensagens respondidas.