Sexta, 19 de Abril de 2024
Follow Us

Segunda, 26 Dezembro 2022 02:22

Eleições municipais em Angola deverão ser adiadas para 2024 - Consultora

Numa denúncia recentemente veiculada pelo Angola24Horas, o jornalista da Rádio Despertar, Cláudio In, revelou que, cerca de três (3) meses depois de agredirem, torturarem e esfaquearem a esposa, não houve e nem há alguma investigação criminal em curso, suspeitos, detidos e muitos menos acusados pelas constantes acções criminosas.

Na mesma denúncia, o radialista apelou ao presidente da República, João Lourenço e ao Chefe do SINSE, Fernando Miala, sobre os referidos actos, fazendo-os lembrar da lei do retorno.

“João Lourenço e Fernando Miala, os senhores também têm família. O que estão a fazer a mim e à minha família, também poderão fazer às vossas famílias. Isto não é um aviso. É apenas a lei do retorno, o Karma”, atirou Cláudio Emanuel.

Entretanto, e, devido ao silêncio das autoridades, aos quais acusa de autores dos crimes, o jornalista anunciou, nesta sexta-feira, 24 de dezembro, o seu abandono ao emprego e o país. “Com lágrimas nos olhos e uma enorme consternação, que informo a todos que infelizmente tive que abandonar o meu próprio país, a minha própria terra”.

De acordo com as suas declarações, após sucessivos actos de violência e Terrorismo de Estado que atentaram contra a vida da sua mulher e filho, Cláudio teve que tomar a árdua decisão de abandonar Angola, o seu emprego, familiares e amigos, para procurar refúgio num país que possa garantir a segurança da sua família.

“Agrediram, torturaram e esfaquearam inúmeras vezes uma mulher indefesa acompanhada de um bebé de 1 ano, como forma de silenciar o seu marido jornalista, que através do seu programa de Rádio, denunciava os constantes abusos e violações dos direitos humanos praticados pelo Governo criminoso do MPLA”, denunciou.

Relatou também que, na sequência destes crimes hediondos cometidos há mais de três meses, as autoridades remeteram-se ao silêncio, facto é que não há detenções, não há suspeitos ou qualquer tipo de procedimento criminal. “O silêncio e a inoperância das autoridades é indicador tácito da autoria dos crimes”.

“O quadro clínico da esposa e do bebé é de stress pós-traumático; o espancamento causou hematomas em várias partes do corpo, resultado das lesões nos vasos sanguíneos; e os 19 cortes provocados por arma branca, ainda causam dor considerável mas já estão em processo de cicatrização.
Peço a DEUS todos os dias para que nos ajude a recuperar destas atrocidades praticadas”, contou.

Lágrimas de dor, revolta e indignação, adianta, são vertidas diariamente pela impunidade e indiferença existentes no nosso país. “Não podemos permitir que um regime autocrático, use a violência contra jornalistas para evitar o escrutínio e perpetuar-se no poder! É inconcebível termos de abandonar o nosso próprio país porque o déspota da Cidade Alta não gosta de ser criticado”.
A consultora Eurasia considerou hoje que as eleições municipais em Angola, previstas para 2023, deverão ser adiadas para permitir ao Governo capitalizar os resultaods das medidas de apoio previstas no Orçamento para o próximo ano.

"As autoridades deverão provavelmente adiar as eleições municipais para 2024, pelo menos, depois de estarem previstas para 2023, para dar tempo às medidas para produzirem resultados", escrevem os analistas numa nota sobre o Orçamento Geral do Estado.

Na nota, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, a Eurasia diz que "no seguimento de uma magra vitória nas eleições de 2022, a proposta do partido no poder aponta para um redirecionamento da despesa pública para a área social, mantendo, ao mesmo tempo, a disciplina orçamental".

Em particular, a Eurasia salienta o aumento de 30% na despesa pública no setor da Agricultura, encarada como a principal área em que Angola deve apostar para diversificar a sua economia.

"Isto reflete a visão do Governo de que melhorar a produtividade no setor é essencial para aumentar o crescimento económico e garantir o apoio dos eleitores", escrevem os analistas, ligando o adiamento das eleições municipais com a necessidade de dar tempo para os angolanos sentirem a melhoria das condições de vida decorrente das novas prioridades do Orçamento para 2023.

"No seguimento da mais magra vitória do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) em quase 50 anos de poder, em agosto, as autoridades estão a procurar aumentar a despesa em serviços sociais para aumentar o apoio popular nas vésperas das eleições municipais; dado o aumento no número e na frequência das greves do setor público, incluindo o setor judicial, médicos, enfermeiros e professores, os responsáveis do MPLA estão também a tentar aumentar a despesa pública para evitar uma agitação social potencialmente perturbadora", acrescenta-se na análise da Eurasia.

Os analistas, de resto, consideram que as eleições vão ser novamente adiadas para 2024, pelo menos, e lembram que "a legislação que fixa a data das eleições ainda não foi aprovada", além de salientarem também que "ainda é preciso implementar a legislação que criou as províncias de Moxico e Cuando Cubango".

O Governo entregou em 9 de dezembro a proposta de Orçamento Geral do Estado na Assembleia Nacional, prevendo um excedente orçamental.

“Trazemos uma proposta do OGE superavitário, ou seja, com saldo global positivo de 0,9%, com isto estamos a continuar a trajetória iniciada em 2018 com saldos orçamentais não deficitários”, afirmou o ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola.

Manuel Nunes Júnior, que falava na sede do parlamento, onde fez a entrega da proposta do OGE2023, que estima receitas e fixa despesas de 20,1 biliões de kwanzas (38,3 mil milhões de euros), referiu que o instrumento deve manter a trajetória do crescimento económico do país.

A proposta do OGE2023 vai cumprir fundamentalmente dois objetivos, nomeadamente a “continuação do crescimento económico do país e o prosseguimento de uma gestão orçamental prudente”.

O documento deverá ser aprovado até final do ano.
Apelou igualmente que, não pode abdicar de Pátria Angolana e assim permitir que criminosos que usurparam o poder, destruam aquilo que ainda resta do país. “A brutalidade, as trevas e a autocracia representadas pelo regime de João Lourenço, não podem prevalecer sobre a razão, a luz e a democracia representadas através da vontade do povo soberano de Angola. Apesar do exílio forçado, eu não vou desistir do meu País”, conforme o jornalista angolano.

Rate this item
(1 Vote)