De acordo com Moco, os últimos dois presidentes de República têm tido um gosto estranho, para ele, ao enveredarem por caminhos bem mais complicados para resolver o problema de Angola, com tanto poder nas mãos.
Para Marcolino Moco, era só fortificar e libertar as instituições do Estado, deixar o MPLA adaptar-se à concorrência dos outros partidos e sair em grande dos pórticos da História.
"João Lourenço será o mais estigmatizado pela História, se não se decidir, ainda amanhã, por inverter este sentido. Porque João Lourenço pôde observar como é mais fácil pilotar uma aeronave com mecanismos automáticos do que ir agarrado, durante todo o voo, ao leme de um velho avião de processos todos manuais", disse.
Admirado, considerou ainda que, este gosto de querer comandar tudo do Palácio da Cidade Alta, até ao ultimo projecto do PIIM, na comuna mais distante da capital, não passou pela cabeça do Presidente que se reparasse o grande erro de JES, este de fundir eleições presidenciais e legislativas, teria hoje uma grande vantagem nas sondagens, fosse qual fosse o que sobrasse para o MPLA.
Isso, acrescentou, faria dele um factor estabilidade nacional, como muito bem o aludiu D. Kamwenho, em entrevista dada recentemente, embora que o Presidente preferiu realizar uma "revisãozinha" constitucional, só para amesquinhar ainda mais o poder judicial (assim se combate a corrupção, nem?), desprezando alertas tão sábios como as do experimentado ex-juiz presidente do TC, Dr Manuel Aragão.
Observou no entanto que, hoje, segue tanta gente, até dentro do próprio bloqueado MPLA, disposta a contribuir para a celebração de um urgente pacto pré-eleitoral que sossegaria o país.
A título de exemplo, disse que é só atentar para as tão razoáveis intervenções do chefe da bancada parlamentar da UNITA, Dr. Liberty Chiaka e ver as predisposições de que fala, realçando que o Presidente da República e seus homens, continuam a sua escalada para o precipício deles e de todos angolanos.
"Só falando de alguns exemplos, na linha específica do que seria a criação de um ambiente confiável para as eleições: nomeação de um presidente contestado para CNE, nomeação de juízes presidentes de tribunais superiores, contornando o princípio na inamovibilidade, aprovação forçada e com cenas abertas de teatro político de uma lei orgânica das eleições irrazoável e, agora, outorga, novamente, da gestão dos resultados eleitorais a uma empresa estrangeira bem contestada, causando o repúdio de praticamente todas as organizações credíveis da sociedade civil", conforme Marcolino Moco.
Segundo ainda o antigo Primeiro-ministro, isto é que consome cada vez mais os números nas sondagens a favor do presidente-candidato e, automaticamente, do seu MPLA que foi indissoluvelmente amarrado às performances dos presidentes da República, com a irracionalidade da nossa "constituição atípica".
"Ainda assim, diz o Presidente e seus "exaltadores", é a oposição que quer "ganhar as eleições à qualquer preço" e os Bispos católicos angolanos os que estarão a dar a Deus o que seria de César. Francamente, que eu não penso assim", lamentou.
Aproveitando o momento, apelou que o Presidente deve mover-se em gestos urgentes e sinceros que tornem as eleições verdadeiramente justas e transparentes, o que vai arrecadar um pouco mais de votos e consigo também o MPLA, sublinhando que deve estabelecer-se um pacto de transição, porque nunca a possibilidade de alternância pacífica esteve tão perto e para o bem de todos os angolanos.
"Até para despartidarizarmos, com posições claras, o Estado. Porque na verdade, o que faz com que a pessoas de um ou outro lado, temam tanto perder as eleições é o facto de se pensar que a polícia, as escolas, os hospitais, as empresas, etc., etc., serão de quem vencer as eleições. Mau hábito ganho do tempo de partido único, em quase toda África, em Angola em particular", disse.