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Terça, 01 Fevereiro 2022 21:22

FLEC-FAC pede boicote às eleições gerais em Cabinda

A Frente de Libertação do Enclave de Cabinda-Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) pede o boicote às eleições gerais em Angola e garante que não se vai render, ao mesmo tempo que defende negociações com Luanda, sob mediação internacional.

Depois de um longo silêncio, há notícias que indicam que as armas voltaram a soar a Cabinda, entre a FLEC-FAC e o exército angolano.

Em entrevista à VOA, o chefe do Estado-Maior General da FLEC-FAC, Estanislau Boma, garante que a resistência continua a lutar pela independência e aborda também a reunificação da guerrilha e a actuação dos movimentos cívicos em Cabinda que, segundo ele, devem boicotar as eleições gerais.

Boma começa por acusar o exército angolano e atacar a guerrilha. “Nós é que somos atacados, o MPLA é que ataca”, afirma Boma.

No passado dia 18, os governos de Angola e do Congo Brazzaville reuniram-se em Massabi depois de acusações de que Brazzaville tem apoiado a FLEC, uma afirmação que o porta-voz da guerrilha responde dizendo que se assim fosse, o “MPLA não estaria em Cabinda”.

Questionado sobre a abertura da FLEC liderada por Alexandre Tati para uma reunificação com a FLEC chefiada por Emmanuel Nzita, Boma diz que é total. “Esta unidade é imperativa e face aos imperativos do momento ela deve concretizar-se aqui no terreno... pedimos aos outros para se juntarem a nós para a defesa patriótica do nosso povo.

Quanto a negociações com o Governo angolano, a FLEC-FAC não vê abertura da parte de Luanda. “O Governo angolano não tem vontade política negocial, na linguagem militar sinal de barulho de botas é sinal de guerra, não de paz, uma coisa é certa e o povo de Cabinda só vai negociar com garantias internacionais, mas nunca vai negociar a sua rendição, e nunca vai se render”.

A FLEC-FAC, segundo Estanislau Boma, não tem tido contactos com os vários movimentos cívicos que têm protagonizado uma intensa actividade em Cabinda, mas, segundo o seu porta-voz, apoia esses movimentos e apela ao “boicote das eleições gerais”. “Eleger Angola em Cabinda é eleger a opressão no nosso território”, conclui o chefe do Estado-Maior General da FLEC-FAC. 

Deputado da CASA-CE reafirma críticas à FLEC

Abel Xavier Lubota não recua diante de reações de indignação perante suas ponderações em relação à FLEC. Críticos acusam-no de se ter esquecido papel do Governo angolano no deterioramento da situação em Cabinda.

"Deputado da CASA-CE acusa FLEC de ser a causadora dos problemas que Cabinda vive" é o título da entrevista de Abel Xavier Lubota ao jornal angolano "O País".

O artigo foi publicado há mais de um mês, mas continua a dar que falar nas redes sociais. O deputado, eleito pelo círculo eleitoral de Cabinda, é acusado de menosprezar os interesses da população no enclave.

Na entrevista, Xavier Lubota aponta o dedo à Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), dizendo que os seus responsáveis nunca conseguiram ler os sinais do tempo e contribuíram para a desgraça do povo cabindense.

Indignação

Mas o ativista Alexandre Fernandes Ncasso, considera que não é bem assim. Para Ncasso, o deputado "não fez uma análise racional, pois a FLEC está aí para defender os interesses de Cabinda".

"Talvez ele esteja à procura de algum benefício qualquer," avalia o ativista.

Belchior Taty, secretário-geral da Frente Consensual de Cabinda entende que o político da CASA-CE perdeu uma oportunidade para falar nos problemas do Governo do MPLA. A insatisfação popular crescente em Cabinda tem a ver com os governantes angolanos e não com a FLEC, refere Taty.

"Até como deputado, não deveria falar sobre a FLEC, mas sim das injustiças da governação angolana em Cabinda, ou talvez ele não saiba situar-se como deputado," dispara.

Deputado não recua

Mas, em declarações à DW, o deputado Abel Xavier Lubota repete aquilo que já afirmou ao jornal "O País". Com exceção, talvez, do título.

"O título do jornal não condiz com o que eu disse, mas o resto do conteúdo eu assumo. Até um intelectual, quando for a ler, dará conta que tenho razão," reitera o político.

O que Lubota disse no resto da entrevista ao "País" é o seguinte: que os políticos de Cabinda preferem ser ativistas, mas "ninguém sabe quando é que [a] luta termina". E a região precisa de soluções "concretas e imediatas", que devem ser discutidas em espaços legais próprios.

Afirma também que "seria uma traição muito grande para um político cabindense prometer ao povo de Cabinda que, para estar feliz […], deve esperar a independência."

"Agora, se alguma vez eu já falei da FLEC como terroristas, volto mais uma vez a dizer que não são as minhas palavras, mas uma constatação da comunidade internacional," remata.

Em janeiro, houve nas redes sociais relatos de confrontos entre o braço armado da FLEC e as forças angolanas. O Governo não confirmou, nem desmentiu as informações.

Ao todo, a província de Cabinda conta com cinco deputados na Assembleia Nacional – dois do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), dois da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) e um da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

VOA/DW

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