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Quarta, 14 Abril 2021 19:13

Aliança da oposição em Angola: que futuro?

A oposição angolana criou a chamada Frente Unida Democrática para tirar o MPLA do poder nas eleições gerais de 2022. Mas nem todos os partidos da oposição fazem parte e alguns não reconhecem a existência da aliança.

Será que a frente criada pela oposição angolana terá pernas para andar? Esta questão é quase sempre colocada em vários segmentos da sociedade, embora muitos acreditem que a aliança já esteja a tirar sono ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o partido no poder.

Na semana passada, Adalberto Costa Júnior, presidente da União Nacional pela Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição, reiterou levar o projeto avante.

"A UNITA está amplamente empenhada em liderar uma frente unida democrática para materializar a alternância do poder político em 2022 e materializar o sonho adiado de uma Angola inclusiva e participativa com um Governo que assuma o compromisso de uma ampla revisão da constituição através de um diálogo abrangente, com lideranças que devolvam a soberania ao povo com o direito de eleger o presidente da república", afirmou o líder da UNITA.

Chances para 2022

Para além da UNITA, a chamada Frente Unida Democrática é também constituída pelo Bloco Democrático (BD) e o projeto Político PRA-JA.

Será que esta aliança vai colocar o MPLA na oposição em 2022?

"Se, de facto, essa frente unida, gizada pelos líderes Dr. Abel Chivukuvuku, Adalberto Costa Júnior e o Justino Pinto de Andrade, se realizar, e o caminho é mesmo este, nós teremos a maior oportunidade para conseguir encostar o MPLA na oposição", responde à DW África Serafim Simeão, do projeto político de Abel Chivukuvuku.

Para este político, é preciso tentar outras formas de retirar o partido governante do poder: "Tentámos em 1992 isolados e não conseguimos, tentámos em 2008 cada partido, isoladamente, não conseguimos, tentámos em 2012, também não conseguimos, e, em 2017, o exemplo foi o mesmo".

PRS não reconhece aliança

Não fazem parte desta aliança a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), a Aliança Patriótica Nacional (APN) e o Partido de Renovação Social (PRS).

Manuel Ribaia, do PRS, diz que o seu partido não foi convidado a fazer parte desta frente e, por isso, não reconhece a sua existência.

"Eu estou a dizer que seria um convénio, um tratado num fórum próprio entre os partidos políticos a começar pelas lideranças e isso não existe. O PRS não dispõe sequer de qualquer papel que justifique que o partido A ou B escreveu para ver a posição do PRS para ver se aceita aliar-se a esta aliança. Para nós não existe aliança nenhuma. Não existe", diz Ribaia.

No entanto, há já algum tempo que Adalberto Costa Júnior, Abel Chivukuvuku e Justino Pinto de Andrade vêm tomando posições conjuntas sobre os problemas do país.

"Oposição de faz de contas"

Para o analista e jornalista Ilídio Manuel, "é natural que esta oposição que diz que agora não se revê nessa oposição radical, se sinta, de certo modo, marginalizada".

"Mas isso tem muito a ver também com as posições pró governamentais que essa oposição vem tomando a favor do partido governante. É natural que essa oposição não esteja a ser vista como aquela que pretende, de facto, mudanças de fundo. Nós temos uma oposição de faz de conta", afirma o analista.

A pouco mais de um ano para as eleições, questiona-se se esta aliança chegará com forças suficientes, em 2022. Ilídio Manuel comenta: "Se chegar viva e se sobreviver a essa série de barreiras, vai, mas numa posição não tanto de tanta força".

A Constituição angolana prevê que seja candidato à Presidência da República o cabeça de lista de um partido ou coligação de partidos. E na aliança da oposição angolana, há três nomes de peso: Adalberto Costa Júnior, Abel Chivukuvuku e Justino Pinto de Andrade. Quem deles será?

"Acredito que o próprio Abel Chivukuvuku está plenamente consciente que, neste momento, a UNITA está numa posição de força. Este papel seria reservado justamente a Adalberto Costa Júnior", conclui Ilídio. DW

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