A garantia foi dada pelo ministro da Energia e Água, João Baptista Borges, que falava à imprensa no final de uma visita de três dias à província do Bié, em que adiantou que serão construídas duas barragens próximas de Cuvelai, junto ao Parque Nacional de Mupa.
A intenção é, acrescentou, acumular água para o consumo das populações e do gado, bem como para a irrigação dos campos agrícolas, devendo, nos próximos dias ser lançado o respetivo concurso público para a adjudicação da empreitada, que terá de estar concluída no prazo de três anos.
Baptista Borges, que não adiantou o montante do investimento, indicou, por outro lado, que irá também ser construído um canal de transvaze de água na zona do Cafu para a de Oshanas, ainda no Cunene, província que o governo provincial considerou em "estado de calamidade" em fins de fevereiro passado.
"Tratam-se de soluções técnicas de engenharia que passarão pela transferência de caudais, com a retirada de água em zonas com alguma abundância para zonas com grandes défices", sublinhou.
A 26 de fevereiro último, o vice-governador da província do Cunene, Édio Gentil José, decretou o "estado de calamidade" devido à seca, que continua a afetar mais de 285.000 famílias, pedindo a Luanda mais apoios e a definição de estratégias para mitigar o fenómeno.
"Estamos a falar de um total de 285.000 famílias afetadas em toda a província. Continuamos a somar porque, enquanto não chove, os números têm tendência para aumentar. A província atravessa um dos piores momentos de seca", disse.
Segundo Gentil José, a estratégia de distribuição de água em camiões ou tratores atrelados com cisternas a partir dos rios Cunene e Cubango ou da Bacia Hidrográfica do Cuvelai "já não responde a carência das famílias".
Em janeiro, em declarações à agência Lusa, o padre angolano Félix Gaudêncio lamentou a "preocupante situação" da seca e fome no Cunene, defendendo "soluções urgentes", como a construção de reservatórios de água.
Na altura, o padre católico deu conta de que "a maior parte" da província já estava afetada pela seca e "sem qualquer perspetiva" para o início do ano agrícola, "agudizando a carência de comida e água" para o consumo humano e dos animais.