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Quinta, 16 Abril 2015 22:21

O MPLA e a “vitória” do Kuito Kuanavale - Makuta Nkondo

Comemorar o que o MPLA chama por “Vitoria” do Kuito Kuanavale em tempo de paz e reconciliação nacional é uma manifestação belicista e provocatória.

O MPLA comemorou este ano, pela enésima vez consecutiva, o que ele chama de “vitória” das suas forças, as FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola), sobre o exército Sul-africano e seus aliados – entende-se os guerrilheiros da UNITA.

 As comemorações suscitam dúvidas, pois ninguém sabia desta vitória das FAPLA em Kuito Kuanavale. Habituado a ouvir invenções ou mesmo mentiras grosseiras por parte do MPLA, o povo limitou-se a assistir a acompanhar através das médias como a Televisão e a rádio estas festas.

Porque, pode afirmar-se, sem medo de errar, que um dos pilares basilares da política do MPLA é a mentira.

Em 1975, o MPLA insinuou que os membros da UPA-FNLA eram canibais, zairenses e os da UNITA são bailundo – um adjetivo pejorativo - por isso devem ser expulsos de Angola.

O Partido marxista-leninista que se camufla sob a capa de Partido de Centro-esquerda, sempre recorreu ao terrorismo verbal e à propaganda mentirosa – que é o seu ponto forte – para aniquilar os seus inimigos.

Segundo o Presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, que se fez Presidente da República, por força da Constituição inventada e aprovada recentemente pela referida força política e seus marionetes na Assembleia Nacional, afirmou que a Vitoria das FAPLA no Kuito Kuanavale quebrou a invencibilidade do poderoso Exercito sul-africano.

Esta vitória, acrescentou, concretizou a máxima do MPLA segundo a qual “Na Namíbia e na África do Sul, está a continuação da nossa luta”, pois as FAPLA não continuaram a sua marcha em direcção à Namíbia e África do sul para evitar incendiar a África austral.

Eduardo dos Santos considera a Batalha do Kuito Kuanavale como uma das maiores ocorridas no Mundo, depois da segunda guerra mundial.

O líder do MPLA afirmou que a referida batalha permitiu a assinatura dos Acordos de Nova Iorque que possibilitaram a retirada das forças sul-africanas e russo-cubanas do território angolano, a libertação de Nelson Mandela e a independência da Namíbia e da África do sul.

O MPLA enaltece todas as suas conquistas considerando-as de melhores e exemplares no Mundo. As “eleições legislativas” de 05 e 06 de Setembro de 2008 e o CAN-2010 são exemplos no Mundo. Sabe-se que as Eleições super. fraudulentas de 2010 não são modelos a seguir, pois foram uma simulação de eleições cujos resultados finais estavam previamente programados nos computadores do SINFO (Serviço de Segurança).

Como prova, hoje os angolanos são informados que há deputados fantasmas na Assembleia Nacional cujos nomes não figuram em nenhuma lista eleitoral aprovada pelo Tribunal Constitucional. Isto só é visto no regime do MPLA.

Sobre a vitória de Kuito Kuanavale, o povo ficou boquiaberto diante desta propaganda grosseira que suscita interrogações. Se for verdade está dita vitória militar das FAPLA no Kuito Kuanavale, ela deve ser atribuída sem dúvida às forças invasoras coligadas russo-cubanas, as únicas que confrontavam directamente o exército sul-africano no sul de Angola.

Questiona-se a razão pela qual o MPLA nunca convidou Nelson Mandela a participar nas festas de uma vitória que lhe libertou da prisão. De igual modo, porque é que Eduardo dos Santos de não defendeu o general Oshoa, comandante das forças cubanas em Angola e um dos obreiros da dita vitória de Kuito Kuanavale, que foi executado por Fidel Castro, alegadamente por tráfico de droga.

Oshoa foi preso, julgado, condenado à morte e fuzilado sob o silencio de Eduardo dos Santos e MPLA. Que ingratidão! Os amigos devem ser defendidos, custe o que custar.

A propaganda do MPLA sobre a batalha de Kuito Kuanavale é uma usurpação da vitória da coligação russa-cubana. É comparável à maneira como o Partido de Agostinho Neto usurpou o poder em 1975 depois de ter violado flagrantemente os Acordos de Alvor assinados pelos três Movimentos que lutaram para libertar Angola, nomeadamente a UPA-FNLA, o MPLA e UNITA com Portugal, a potência colonizadora.

Mesmo que a batalha fosse entre as FAPLA e as forças coligadas sul-africanas e FALA, a comemoração desta “vitória” neste momento de Paz militar e Reconciliação Nacional só pode ser considerada provocadora.

Comemorando uma vitória militar no intuito de humilhar a outra parte, a UNITA, é provocação que ameaça à paz militar que merece uma condenação nacional e internacional sem equívoco.

O MPLA apelida o outro antigo movimento de libertação nacional, a UNITA, de rebelião armada. E o mundo cai nesta propaganda mentirosa, pois só se rebelam contra um governo legítimo. A legitimidade é dada pelo povo através de uma eleição transparente, justa e livre.

Os Acordos de Alvor previam este voto popular que não se concretizou, devido a violação dos mesmos pelo MPLA.

Diante desta usurpação de poder e sobretudo para sobreviver das veleidades de exterminar os povos autóctones bakongo e ovimbundu, não restou outra alternativa senão defender-se.

Nesta perspectiva, a UPA-FNLA tentou sem sucesso reorganizar-se no norte primeiro através do ELNA e mais tarde de COMIRA (Comité Militar de Resistência em Angola) e a UNITA com muito sucesso no sul do país.

Sabe-se que antes mesmo da proclamação unilateral da Independência de Angola a 11 de Novembro de 1975 por Agostinho Neto, em Luanda, contingentes militares da antiga URSS, Cuba e outros países do bloco comunista da Europa e África invadiram Angola em apoio ao MPLA. Este movimento só dispunha de quase inexistente EPLA (Exército Popular de Libertação de Angola).

Para tentar equilibrar a correlação de forças, a FNLA recorreu as forças zairenses de Mobutu Sese Seko e a UNITA à África do sul de Pik Botha.

Pouco importa a natureza de regimes que existiam num ou noutro país, pois quando se cai num precipício não se vê a cor da mão que lhe atira a corda para sair de lá.

As forças invasoras estavam em ambos os lados da barricada.

Que haja imparcialidade no tratamento desta matéria, pois em Angola não houve guerra entre um governo legítimo e uma rebelião. O que houve é uma luta entre usurpador e usurpado de poder, noutros termos uma batalha entre predador e presa.

Comemorar vitórias em Kifangondo e Kuito Kuanavale, é demonstrar uma vontade belicista. Tanto em Kifangondo como no Kuito Kuanavale, são as forças invasoras do bloco comunistas (URSS e Cuba à cabeça) que combateram contra as tropas da FNLA-Zaire e UNITA-África do sul, respectivamente.

O MPLA não tinha militares à altura para batalhas de tal envergaduras contra forças bem preparadas como as das outras partes acima referidas.

Por outro lado, o povo é testemunha das vitorias espetaculares das FALA (UNITA) em Mavinga, Ngunza hoje Sumbe (Capital da Província do Kuanza sul), Kangamba, Huambo, Mbanza-Kongo, Uige, Soyo, Ambriz, Caxito, Catete, etc.

“Embua eyi nkento vombakala?” (Não se questiona o sexo de um cão, porque ele anda nu) – diz um provérbio kikongo.

Se fosse também belicista, a UNITA podia muito bem dar uma resposta adequada ao MPLA, comemorando as vitórias do seu exército, as FALA, em inúmeras localidades, principalmente da campanha militar de Mavinga. As FALA (UNITA) chegaram mesmo a controlar mais de dois terços de Angola.

O Partido de Jonas Malheiro Savimbi não o faz, em defesa da estabilidade política do país. Não se enganaram os que apelidaram Savimbi de Muata da Paz, em 1975, porque conta-se que mesmo em Luanda, este filho indígena de Angola pregoava a paz e servia de “bombeiro” ao incêndio atiçado pelo MPLA.

O seu sucessor Isaías Samakuva, diplomata que não tem genes belicistas prefere responder pelo diálogo e engolir os sapos do MPLA.

Graças a este espírito pacifico, humano, de ponderação e reconciliação dos angolanos que caracterizam Samakuva que o país preserva esta frágil paz militar constantemente ameaçadas pelas provocações belicistas do MPLA.

As provocações são traduzidas com actos simultâneos e contínuos de intolerância política contra estruturas, bens móveis e imóveis e membros da UNITA em todo o território nacional, diante do mutismo total da Polícia nacional e dos órgãos de justiça.

Se fosse também belicista, a UNITA podia muito bem comemorar a sua vitória em Mavinga que deram os Acordos de Bicesse (Portugal) que permitiu a instauração do multipartidarismo em Angola.

Graças à vitória da UNITA em Mavinga que Angola tem hoje um sistema político multipartidário e um Estado democrático, de direito e economia de mercado.

Oxalá que um dia os dirigentes da UNITA não mudem de ideia e festejem a vitória de Mavinga.

Pode afirmar-se que Mavinga salvou Angola da ditadura marxista-leninista.

Por outro lado, não é verdade que na sequência da vitória em Kuito Kuanavale, as FAPLA tinham condições militares e psicológicas de continuar sua marcha em direção à Namíbia e África do sul. Não o fizeram para evitar incendiar a África austral.

É falso! Pois, as investidas militares cubanas-russas-FAPLA repetidas sobre Mavinga visavam atingir a Jamba – Bastião da UNITA- situada no extremo sudeste de Angola. Feliz ou infelizmente, todas fracassaram. Como testemunho dessa odisseia militar, muito material de ponta foram capturados ou destruídos, aviões de caças de última geração abatidos em oficiais generais soviéticos e cubanos foram mortos ou capturados.

O avanço das forças ao serviço do MPLA era impiedosa e energicamente travado pelos bravos guerrilheiros da UNITA.

Também é bom referir que o município de Kuito Kuanavale não beneficia nada desta propalada vitória do MPLA. O mesmo não serviços básicos dignos como a luz eléctrica, água potável, hospital e escolas. A “vila” ou a sede do mesmo nome tem aspecto de uma aldeia abandonada.

Por Makuta Nkondo

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