Por Ilídio Manuel
A escolha da INDRA ocorre pouco mais de um mês depois de a CNE ter anunciado a 7 de Dezembro de 2021 a «abertura de um concurso público para a solução tecnológica das eleições».
Na altura, alegou que o concurso público visava assegurar uma «maior celeridade e rapidez no processamento da informação e, consequentemente, a divulgação dos resultados». Para refrescar a memória colectiva convém recordar que foi em 2008 que a INDRA entrou na rota das eleições angolana, pelo que tem sido acusada de contribuir de forma alegadamente ilegal para a manutenção do MPLA no poder.
De acordo com o jornal português PÚBLICO, «Em 2008, a Indra imprimiu 26 milhões de boletins de voto, mas a comissão eleitoral só precisava de dez milhões. Este facto levou na altura o então líder da UNITA, Isaías Samakuva, a questionar: «Para onde foram os restantes 16 milhões de boletins?». Uma resposta que até hoje nunca obteve resposta A oposição, sobretudo a UNITA protestou, mas sem sucesso.
O MPLA seria declarado vencedor com 80% dos votos. No entanto, foi em 2012 que Angola terá batido um recorde mundial de concursos públicos, embora o mesmo tivesse passado despercebido aos olhos de muitos.
Numa sexta-feira, a CNE anunciou abertura, por via do Jornal de Angola, de um concurso, que denominou de internacional, para as empresas que iriam gerir o processo das eleições legislativas a realizar naquele ano, tendo para o efeito solicitado uma pilha de documentos.
Logo na primeira segunda-feira após a abertura do concurso, o mesmo foi fechado e a INDRA-SISTEMAS, SA, a empresa espanhola que entrara em Angola pela mão da angolana Valley Softh, seria anunciada como vencedora. Significa que no espaço de 24 horas úteis foi encontrado o vencedor. Soube-se que uma empresa da África do Sul tinha sido desqualificada sem razão aparente.
O site sul-africano de notícias IOL (Independent On Line) revelou a propósito que a «empresa sul-africana, a Equipro, conseguiu enviar uma proposta com 30 páginas de gráficos pormenorizando todos os serviços e os seus preços. Fontes bem informadas dizem que a empresa sul-africana foi inexplicavelmente desqualificada. A empresa recorreu da decisão da CNE, mas não conseguiu reverter a situação.
Em 2017, a INDRA E SINFIC, (esta última portuguesa com representação em Luanda), voltaram a cruzar o caminho dos angolanos, pelas piores razões. Na sequência de um obscuro concurso, a CNE anunciou na altura que o plenário do órgão eleitoral havia «aprovado a adjudicação do fornecimento da solução tecnológica e de material de votação sensível a empresa INDRA e à SINFIC a gestão do FICM, Mapeamento das Assembleias de Voto, Produção dos Cadernos Eleitorais e Sistema de Informação ao Eleitor».
Para justificar a referida contratação, a CNE evocou um suposto «prestígio» que as mesmas gozavam «no mercado nacional e internacional», um argumento que, convenhamos, pouco convincente já que a prestação da INDRA e da SINFIC ficaram maculadas por alegados laivos de fraude e favorecimentos eleitorais nos pleitos eleitorais.
Camunda News