Um destes lugares comuns na política Angolana é a famosa historia do como o MPLA propagou boatos sobre a suposta pratica de Canibalismo pela FNLA antes da independência. Este lugar comum tem como função demonstrar que o MPLA pratica propaganda suja contra seus adversários, e foi evocada recentemente pela UNITA para diminuir a importância de boatos que seu presidente não seria elegível a presidência da Republica por ter dupla nacionalidade.
Os lugares comuns são inevitáveis porque todas as pessoas não podem ser especialistas em todos os assuntos, porem muitas vezes o lugar comum também é uma mentira, ou pelo menos uma meia-mentira, repetida em nome da “democracia”, como no caso da “diabólica propaganda contra a UNITA”. Para se perceber isto eu vou pedir que o leitor viaje comigo para Luanda em 1974.
És um jovem Africano que viu Luanda passar de uma cidade segura para um campo de batalha entre os “três movimentos de Libertação”, diante da incompreensível passividade da tropa Portuguesa que nem proteger teus vizinhos brancos, sendo que ouviste historias dos massacres de 1961 perpetrado pela FNLA no norte de Angola: mulheres e crianças estupradas, bebes mortos, homens esquartejados e mutilados, sejam de raça branca, negra e ou mestiça, sejam de etnia Mbundu, Kongo ou Portuguesa. Sendo para piorar a FNLA traz consigo tropas do Congo-Zaire, aquele pais em que os os terroristas conhecidos como Simbas cometeram crimes maiores e ainda mais atemorizadores do que os cometidos pela FNLA em Angola.
Tendo em mente esta informação, o jovem Africano de Luanda em 1974 precisaria de muita imaginação para acreditar que a FNLA teria no seu seio Canibais Sanguinário ?
Porem ao se repetir o lugar comum da “calunia da MPLA contra a FNLA” sem dar a plateia esta informação, se passa a impressão que o MPLA tem uma maquina de propaganda muito eficaz, quando na verdade sem os crimes da FNLA de 1961 esta calunia não seria tão facilmente aceite pelo povo, ou seja para mentir as vezes precisas de uma verdade para ser alicerce do exagero.
A segunda parte do lugar comum, que a calunia teria destruído a FNLA, também é verdade apenas se ignorares dois elementos importantes: primeiro, o poder da FNLA nunca dependeu da simpatia do povo de Luanda ou mesmo do Norte de Angola, dependia apenas de sua força militar. Segundo, a força militar da FNLA foi destruída pelo Holden Roberto quando lançou o grosso de sua tropa contra um ataque frontal sem suporte de artilharia eficaz, contra os conselhos de seus aliados Sul Africanos. Mesmo que seja verdade que a batalha não teria acontecido se o FNLA não fosse expulsa de Luanda, em parte pela acusação de canibalismo, sem a batalha do Kinfangondo o seu poder militar e sua existência como partido ainda teria sido viável.
Claro que isto pouco importa para o político que esta pronto a dizer qualquer coisa para mobilizar pessoas e atingir o poder, porem as pessoas normais devem resistir este tipo de praticas porque quando acreditamos em mentiras sobre o passado treinamos a nossa mente para acreditar em mentiras no futuro, tanto na política como na nossas vidas pessoas.
Não tenho opinião sobre o mérito da alegação, que Adalberto da Costa Jr (ACJ) seria inelegível por ter dupla nacionalidade, tendo apenas a impressão que o espírito de torcida dos anti-MPLA esta ir ao limite do fanatismo, pode se notar isto por exemplo facto de passarem de questionadores das origens étnicas e da nacionalidade dos políticos do MPLA, chamavam o José Eduardo dos Santos (JES) de São Tomense e criticavam o MPLA por ter brancos e mestiços, a denunciadores entusiásticos da xenofobia em defesa do ACJ, com a mais normal hipocrisia do Mundo.
Acredito que estamos diante de possibilidades distintas: Trata-se de uma calunia, trata-se de um acto de incompetência por parte do candidato ACJ ou do aparelho administrativo do Partido que esqueceu de verificar o requisito do posto para o qual se candidatava, ou foi uma escolha consciente da UNITA. A primeira opção seria uma desonra e vergonha para o MPLA por recorrer a uma artimanha de baixo calibre, a segunda opção provara que a UNITA não passa de amadores sem seriedade quem nem conhecem os requisitos dos lugares que querem ocupar, e a terceira significaria que a UNITA quer criar um clima de tensão política e conflito eleitoral, usando desqualificação de seu candidato para reforçar a narrativa da eleição ilegítima, pois parece que eleição legitima acontecem apenas se o Galo Negro for o vencedor.
Por Roboredo Garcia