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Terça, 22 Abril 2014 10:05

A improbidade administrativa

Já virou moda, neste país, o facto de que quem sobe para determinado cargo trata, em primeira instância, de colocar nos lugares-chave indivíduos da sua conveniência.

Até aí nada se afigura grave. Porém, o que mais inquieta é que, em muitos casos, se trocam as pessoas sem ter em conta a competência técnica e profissional.

A transformação de empresas e instituições públicas numa espécie de entidades de carácter privado, ou mesmo familiar, está disseminada um pouco por todos os sectores públicos, sendo uma lógica a que urge pôr cobro. É nos ministérios e nos governos provinciais onde esta situação se faz sentir com maior frequência.

Notícias frescas sobre este fenómeno chegam-nos do Ministério da Hotelaria e Turismo (MINHOTUR), onde se cogita que, logo que assumiu o leme, o titular do pelouro tratou de asfixiar alguns quadros que lá encontrou para substituí-los por outros, sobretudo nos lugares estratégicos.

Comenta- se que, para o cargo de secretário-geral do MINHOTUR, indicou uma figura do seu círculo familiar, ocorrendo o mesmo com o actual secretário de Estado da Hotelaria e Turismo. Outro caso recente vem da Huíla, em que, de acordo com as nossas fontes, o governador, depois de empossado e segurar as rédeas da província, tratou de afastar uns e de arregimentar, em determinados sectores, outros elementos da sua intimidade.

No Huambo, depois do bom discurso de apresentação, Kundi Paihama, conforme relata o nosso contacto, "já está a endurecer as suas posições e parece mesmo estar já a virar o disco". Diz-se, também no Planalto Central, que o edil pouco ou nada conseguirá fazer quanto às makas da intolerância política vigente numa altura em que a sua moralidade começa por ficar afectada. Os exemplos, porém, não são apenas estes.

Um jurista a quem chamamos para comentar estes factos alertou para o perigo que isso representa. Diz ele, num tom, meio a brincar, que, neste andar da carruagem, qualquer dia, ao fim da tarde, já não teremos governo. E avança mais: "É que, se um ministro ou governador para trabalhar só tem de ser com pessoas que lhe prestam vassalagem, ou parentes, estamos diante da improbidade administrativa, nepotismo e corrupção, que serão garantidamente responsáveis por convulsões sociais futuras". Ma

s, acabar com essa prática também pode ser uma guerra que não se afigura fácil de vencer, porque, como concluiu, "isso começa mesmo de cima". Então, estamos paiados!

Por Júlio Gomes

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