Domingo, 22 de Junho de 2025
Follow Us

Quinta, 09 Mai 2019 11:20

E o novo PCA da Sonangol garante sucesso? Há indicadores de sucesso ou jogou-se à sorte?

Exonerar por exonerar, até o que se pode entender como criação de factos políticos - em marketing político -, já não serve para Angola. As exonerações e nomeações já não representam nenhuma esperança de sucesso para os angolanos.

Por: Carlos Alberto (Cidadão e Jornalista)

É só ler e ouvir os comentários dos cidadãos quando se exonera e se nomeia alguém. Chegou a altura de os angolanos verem nomeações com alguma justificação de sucesso. Vamos explicar. Não se pode compreender o facto de, por causa de "falha na comunicação entre a Sonangol e outras empresas do sector", Carlos Saturnino ter sido sacrificado, quando por causas mais graves que estão a causar mortes de cidadãos angolanos - a qualidade da água que se consome hoje - não se exonera ninguém. Qual o critério de exoneração?

 Tinha de estar claro. Não se consegue perceber como é que alguém que só falhou "na comunicação" é sacrificado, quando quem promoveu e realizou um concurso público internacional, de forma incompetente - o das Telecomunicações que colocou a TELSTAR como vencedora e que obrigou o presidente da República a desfazer tudo para recomeçar, perdendo-se tempo e recursos financeiros do país -, manchando o nome de Angola no exterior, fica intocável. Por uma mera "falha de comunicação" exonera-se alguém e por mortes de angolanos (qualidade e falta de água) e perda de recursos financeiros do Estado (concurso internacional) não se faz nada?

É muito estranho. Mas vamos ao cerne da nossa análise de hoje: será que João Lourenço consultou, por exemplo, algum estudo que lhe desse indicadores de sucesso para tal mudança na Sonangol ou antes de 2022 podemos ter mais um ou dois PCA na Sonangol? Ou é só mera dança de cadeiras para se criar factos políticos para se distrair a opinião pública? Uma coisa é certa: a exoneração de Carlos Saturnino retira a ideia que circulava nas redes sociais segundo a qual eventuais "marimbondos" estariam por trás da escassez de combustíveis.

Se Carlos Saturnino tem culpa então não houve "marimbondos", pela lógica de raciocínio. E como circulou, nas redes sociais, um texto segundo o qual o SINSE terá descoberto camiões escondidos em algumas zonas para se criar, propositadamente, um caos nos combustíveis, como um alegado bom serviço do SINSE e até pedem palmas para a nossa secreta, a pergunta é: o melhor serviço de inteligência é aquele que deixa o incêndio acontecer ou aquele que impede que o incêndio aconteça? Muita gente não percebe o que é um verdadeiro serviço de inteligência.

Se lermos um pouco (há livros disponíveis), vamos ver que o melhor serviço de inteligência do mundo é aquele que impede que o mal aconteça. Quando nos Estados Unidos aconteceu o 11 de Setembro, os serviços secretos americanos ficaram bem na fotografia? Claro que não. Rolaram-se cabeças porque não tiveram capacidade de prevenir as mortes e estragos financeiros da maior economia do mundo.

Se não previu, alguma investigação escapou. Por isso é que de "inteligência". A inteligência serve para prever incêndios, de forma a impedi-los, e não para os apagar. Quem os apaga são os bombeiros. Não são a inteligência de um país. Portanto, se a crise dos combustíveis aconteceu no país, significa que o nosso Serviço de Inteligência e de Segurança do Estado mostrou incompetência. Se fosse competente, teria alertado, com antecedência, o presidente da República e as consequências da escassez de combustíveis nunca se teria verificado.

O nosso SINSE tem de deixar de ser "apaga incêndio". Não é seu trabalho apagar incêndios. Por esta lógica, se Carlos Saturnino foi incompetente ao ponto de ser exonerado, Fernando Garcia Miala, chefe do SINSE, também devia ser exonerado, por não ter ajudado o presidente da República a prever a crise dos combustíveis.

O SINSE é pago com a contribuição financeira dos angolanos, de Cabinda ao Cunene, para identificar riscos e ameaças futuras. Não é pago para seguir os da oposição ou os que pensam diferente do MPLA. Não é pago para descobrir que afinal se desviou camiões de combustível. Se já se desviou, a inteligência falhou. Quando o incêndio já aconteceu, não houve inteligência. Por outro lado, é preciso que as nomeações de órgãos estratégicos como a Sonangol mereça uma análise do SINSE.

O nosso SINSE tem de começar a ajudar o Chefe de Estado na indicação de pessoas com perfis certos para assumir determinados cargos de grande responsabilidade. O novo PCA da Sonangol mereceu uma prévia apreciação da inteligência (SINSE)? Noutros países, os serviços secretos servem para ajudar a indicar as pessoas mais certas para lugares-chaves no aparelho do Estado, devido ao seu acompanhamento profundo de cada sector do Estado.

As exonerações prematuras mostram que as nomeações não seguem nenhum critério científico nem de pareceres de órgãos estratégicos como o SINSE. É um mau sinal para nós. Significa que estamos a gerir órgãos estratégicos do Estado de forma empírica. Cada exoneração prematura de João Lourenço é sinal de incompetência do próprio Titular do Poder Executivo e seus auxiliares.

Rate this item
(0 votes)