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Terça, 19 Março 2019 02:19

João Lourenço: entre a salvação do MPLA e a sua desgraça

A chegada de João Lourenço ao poder em 17 de Setembro de 2017, não se tratou propriamente de um balde de água fria apenas despejada sobre a cabeça do MPLA, tratou – se também, de um meio de agitação do MPLA, Partido que governa o País desde 1975.

Decepções e frustrações à parte, o novo timoneiro da nau MPLA, João Lourenço, não soube desenhar nenhuma estratégia inteligente para salvar o seu Partido do descrédito que lhe cinge, senão mesmo, acorrer à estratégia directa designada em 1966 pelo General André Beaufre, um dos grandes estrategas da era nuclear, na qual privilegia o ataque directo e a força. Nesta estratégia o ataque directo às hostes inimigas, constitui – se na missão privilegiada pelo estratega, com este tipo de estratégia as perdas a esperar são inúmeras, desde os recursos materiais, aos recursos humanos, e recursos financeiros, porém, o privilégio que exalta uma vitória com esse tipo de estratégia, está muito longe de ser alcançado.

A estratégia directa escolhida pelo General João Lourenço, tem um impacto massivo sobre a economia, cuja repercussão visa a destruição completa da corrupção passando por um sistema de prisão selectiva. É uma estratégia que posta em prática que devasta o inimigo, mas também não poupa quem a aplica, quem a aplicar, deve estar preparado para os efeitos adversos que dela advirão. Assim, João Lourenço ao aplicar essa estratégia para o fim da corrupção em Angola, destruirá de forma recíproca o MPLA, pousando o valor do Partido sobre a sua pessoa como a única salvação do Partido, de que na verdade não é um salvador, senão mesmo, uma verdadeira armadilha instalada no campo em que o MPLA pousa os pés.

O MPLA não sairá salvo nisso tudo, o que há – de resultar é que João Lourenço, seja exaltado como o único salvador do País, que o atraio à uma nova era, a era da justiça e do fim da corrupção, pela ironia do destino, a desgraça que este deixará no seio do MPLA, torná – lo – á completamente depreciado e frágil como um edifício construído com pilares e alicerces de barro, e desde então, o fim constitucional da sua governação ditará o fracasso inevitável do MPLA. João Lourenço, somente poderá governar mais em 2022, depois disso, a constituição não permitirá que governe mais. O MPLA sentirá isso após a jornada de João Lourenço conhecer o seu ultimato, sentirá que não foi um salvador do Partido, mas alguém que propiciou o fracasso ao extender os segredos do Partido como peixe podre estendido às ruas de Angola, será pois adiar o sucesso do MPLA no futuro e submetê – lo à um precipício como o edifício destruído nos EUA ao 11 de Novembro em Washington em que pesava na pessoa de Bin Laden um juízo de presunção sobre o facto consumado. Mister se faz analisar de que João Lourenço, não é a salvação do MPLA, como as vozes do mundo vulgar tomaram – lo à aplaudir, senão mesmo, uma armadilha para o próprio MPLA, que amarrar – se – á à inúmeros embaraços e fracassos sobre o porvir. Este facto, será resultante da estratégia de acção empregue pelo General João Lourenço, no que concerne a luta contra a corrupção, que o deixará: entre a salvação do MPLA e a sua desgraça.

A sua luta representa, também, o fim de um período cinzento na história de Angola. Se com uma mão faz o melhor que pode, vai até ao limite, movimenta o Ministério Público Angolano que andava hibernado como uma cobra perigosa incapaz de destilar o seu veneno, e coloca a justiça angolana em acção permanente, com a outra mão ele desfaz quase todo o regime do MPLA que o constituiu Presidente, acusando aos seus confrades políticos e colegas de armas de “Marimbondos, corruptos, traidores da Pátria, estragaram o País, vão queimar no fogo, deixaram os cofres vazios, etc, etc, etc…

Estratégia de luta contra a corrupção foi mal pensada e fracassará o MPLA

A estratégia empregue por João Lourenço é extremamente perigosa para que o MPLA mantenha – se em pé no futuro, a estratégia de acção de que João Lourenço chamou em socorro para fazer face à corrupção em Angola, permitirá fazer de João Lourenço o ícone do poder no País, hoje, porém, quando João Lourenço terminar o seu mandato constitucionalmente (diga – se após 2022, pois que ganhará ainda as eleições de 2022). O facto de ter exposto com todos os detalhes os mais ociosos e perigosos males cometidos pelo MPLA, que na verdade sabe – se à cor da letra, que não há ninguém inocente, enquanto se fala de corrupção. Neste âmbito, a estratégia de João Lourenço consumirá a popularidade do Partido (MPLA), o que há-de deixar o MPLA completamente fragilizado, assim, a única maneira do MPLA ganhar as eleições em 2022 é usar o nome do próprio autor da estratégia directa que consumiu por completo a popularidade do Partido, ou seja João Lourenço, que neste momento será a única pessoa com credibilidade social, aos demais indivíduos que integram o Partido, não haverá outra hipótese, a ser verdade, a estratégia directa empregue pelo General João Lourenço causará graves transtornos políticos no seio do regime que governa Angola, e o fracasso será a única moleta à ser usada para caminhar.

A luta contra corrupção escolhe as suas vítimas

A ser verdade, a luta contra corrupção encontrou apenas em “Zeno dos Santos, Augusto Tomás e Garcia as única pessoas que terão se beneficiado de crimes de peculato e branqueamento de capitais, ao passo que a variedade de centenas de indivíduos que se beneficiaram de desvios de fundos públicos, mediante abuso de confiança, do dinheiro público ou de coisa móvel do Estado Angolano, para proveito próprio continuam soltos, e entregues à suas vidas, “Zeno, Garcia e Augusto Tomás” são os únicos que cometeram ilicitudes, aos demais não são achadas nem encontradas provas materiais, para que a lei sobre os quais pese uma prisão. Os demais foram tão santos, de que nenhuma prova confirme algum crime que os coloque preso, desde então, Zeno, Garcia e Augusto Tomas são os únicos forçados à pagar as favas dos crimes cometidos contra a administração do Estado. 

João Lourenço está a edificar um aranha céu com pés de barro que tarde ou cedo há - de desabar. Ninguém luta contra a própria espécie.

A pergunta que jamais se calará é a seguinte: porquê Zeno, Garcia e Augusto Tomas se transformaram nos únicos réus presos durante muito tempo sem sentença? Será que Zeno, Garcia e Augusto Tomás foram os únicos que beneficiaram – se do peculato e branqueamento de capitais em Angola? Não será pois uma forma de ataque ao ex – Presidente da República José Eduardo dos Santos de que João Lourenço esteja a realizar? Porque defendeu com ferro e fogo Manuel Vicente? Um empresário que pesa sobre suas costas inúmeros crimes cometidos em Angola e em Portugal. Porque João Lourenço volta – se contra José Eduardo dos Santos que o escolheu para substituí – lo em 2016 no MPLA?

A luta contra a corrupção realizada por João Lourenço, será interpretada como um simples ajustes de contas contra José Eduardo dos Santos, e não um acto jurídico, tratando – se de um acto meramente político de vingança e caças – as - bruxas.

As predilecções da luta contra corrupção

Os únicos visados no âmbito da luta contra a corrupção que mesmo sem sentença, as provas que pesam sobre os quais sejam suficientemente capazes de os acusados terem factos consumados de acção de improbidade administrativa ao longo do consulado de José Eduardo dos Santos, foram: Zeno dos Santos, Norberto Garcia e Augusto Tomas. De então, já questionamos à priori, porque num universo de várias centenas de pessoas cometedoras de crimes contra o organismo do Estado, essas três foram as únicas visados de que a lei tenha pesado tanto, mesmo antes de se lhes ditar uma Sentença Penal Condenatória.

As disposições desta esfera de luta contra a corrupção, não têm força alguma para alcançar todas as pessoas qualificadas como agentes públicos, na administração directa ou indirecta do ex – Presidente Excelentíssimo Senhor Eng. José Eduardo dos Santos, começando por Ana Afonso Dias Lourenço (Actual Primeira Dama da República) que pesou sobre a qual variados cargos na Administração de José Eduardo dos Santos como: Presidente do Conselho Nacional de Estatística, Presidente da SADC Comissão Nacional, Coordenadora Nacional do FED de Fundo, Membro da política Económica do Governo de Gabinete, consultora sénior do Gabinete de Planeamento Provincial (em Benguela), Chefe de Investimentos no Departamento do Ministério do Planeamento de Angola, a partir de 1986 a 1997, Directora Nacional do Departamento de Investimentos, vice-Ministra e Ministra do Planeamento de Angola, de 1997 a 2012; vice-presidente do Conselho de administração do Cometê de Ética e do Cometê de Recursos Humanos, entre 2014 e 2015, Directora Executiva do Conselho de administração do Grupo do Banco Mundial, em representação ao círculo eleitoral de Angola, Nigéria e África do Sul. Como chefe do Ministério do Planeamento de Investimentos, foi responsável pelos programas de desenvolvimento da Província de Benguela. Foi directora nacional e coordenadora da Reabilitação de Infraestruturas dos projectos financiados pelo Banco Mundial. Foi duas vezes presidente do Conselho de Ministros da SADC, como Governadora de Angola para o Banco Mundial e coordenadora nacional dos fundos do FED. Será que uma mulher tão brilhante quanto esta, ao longo de toda a sua trajectória política e administrativa, tenha sido completamente Santa? Ou será um anjo posto à terra à habitar com humanos, que de tanto brilho que tenha, não se sabe reconhecer erro algum à pesar sobre a sua índole?

A luta contra corrupção somente é capaz de alcançar aqueles que eram delfins de José Eduardo dos Santos, a todos quanto deram – lo as costas, a lei deixou de ser lei, e fez – se um simples samba-pito requisitado no “Quero” posto à boca para ser chupado ao passo que os olhos presenteiam em camarote ao jogo, que coloca reféns indivíduos próximos à José Eduardo dos Santos, para serem sacrificados como nos jogos de Roma, exibidos enquanto parte do culto imperial de João Lourenço.

É líquido concluirmos que, não há nenhuma luta contra a corrupção, de jure e de facto, em Angola. Há vingança, caça – as – bruxas, e perseguição sem tréguas à José Eduardo dos Santos e sua parentela, assim como aos que lhe são próximos. Desde logo, porque Zeno dos Santos tenha de ser o Primeiro visado e não Manuel Vicente? A resposta à esse quesito atenta para remeter o fracasso de uma luta contra corrupção que escolhe pessoas para os tornar arguidos.

Manuel Vicente é próximo de João Lourenço, desde então, em Manuel Vicente jamais cairá algum facto de pendor penal, que tenha de pôr em causa a sua liberdade, em virtude de João Lourenço ter sido beneficiado com auxílios de vária ordem advindos de Manuel Vicente, quase que o intitulamos de ser um co – gestor do Estado que, João Lourenço assumiu em Setembro de 2017. Desde então, Manuel Vicente nunca será rotulado como um criminoso, embora seja o pior homem da casta corrupta que já existiu em Angola.

Sua imagem será branqueada por João Lourenço, e isso foi provado, quando João Lourenço preferiu sacrificar a Pátria e defender os interesses de Manuel Vicente vinculados ao processo “Operação Fizz” que terá começado a 22 de janeiro, em Lisboa, e assenta na acusação de que o ex-vice-Presidente angolano, Manuel Vicente, corrompeu o ex-procurador do Departamento Central de Investigação e Acção penal Orlando Figueira, com o pagamento de 760 mil euros, para que este arquivasse dois inquéritos em que estava a ser investigado, um deles, o caso da empresa Portmill, relacionado com a aquisição de um imóvel de luxo no Estoril em 2008. Desde logo, o Caso Manuel Vicente, jamais será levantado pelo Ministério Público Angolano que move – se mediante a acção política, ou seja, a Justiça Angolana é uma verdadeira alienação política, prova – se as razões porque se encontram nos delfins de José Eduardo dos Santos os únicos meios de Prova documental e Prova Pericial que produziram um estado de certeza na consciência do Procurador-Geral da República General Hélder Pitta Grós de Angola para sua convicção a respeito da existência de um facto de verdade sobre o peculato e branqueamento de capitais na administração do Estado de José Eduardo dos Santos. Aos demais que traíram José Eduardo dos Santos, e entragaram – se à João Lourenço como fiéis servidores, não lhes pesa nenhum crime, mesmo que tenham cometidos as piores ilicitudes administrativas, porém, estes, são tidos como homens que realizaram o estrito cumprimento do dever legal no exercício regular da administração do Estado Angolano sem ofender os interesses próprios do Estado. A negação do habeas corpus à Zeno é mais um dos ecos que bate as vozes da justiça angolana como se tratando de ser o “Caso Zeno dos Santos” num caso mereamente político, e “Zeno dos Santos” um verdadeiro preso político à dimensão de Lula no Brasil.

HAJA LUZES SOBRE AS TREVAS!

JOÃO HUNGULO: MD & JURISTA, LIVRE PESQUISADOR E ESCRITOR.    

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