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Sexta, 10 Abril 2015 17:16

Corrupção trava negócios da Lipor em Angola e Brasil

Administrador delegado assume que organização recusou dar “luvas”

A corrupção em Angola e no Brasil impediu a Lipor - Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto - de fechar negócios naqueles dois países inicialmente considerados como potenciais mercados alvo pela organização.

A garantia foi dada ao Ambiente Online pelo administrador delegado da Lipor, Fernando Leite, como explicação para os fracos resultados do processo de internacionalização anunciado em 2011. 

“Às vezes a ambição faz-nos dar o passo maior do que a perna. Analisámos o mercado internacional e avaliámos como grandes oportunidades para a Lipor os mercados de Angola, Brasil e Colômbia. Entendíamos que algumas mudanças naqueles países, fruto do desenvolvimento económico, obrigariam a que se apostasse na vertente ambiental, mas negligenciámos as questões da corrupção”, justifica Fernando Leite.

O administrador delegado da Lipor revela que a organização perdeu negócios no Brasil e Angola ao recusar compactuar com esquemas pouco claros. “Com a Lipor não há ‘luvas’, nem comissões. Foram condições que colocámos à partida.actuamos dentro da legalidade. Ultimamente nem tem havido negócios no Brasil”, assume. No caso da Colômbia as dificuldades prenderam-se com a instabilidade política, esclarece. 

Ainda assim a Lipor conseguiu elaborar dois projectos para municípios do Brasil, em Salvador da Baía e em São Paulo, na área de recolha de resíduos e implementação de ecocentros e de instalação de uma unidade de incineração de resíduos. “Elaborámos os projectos que depois, infelizmente, não chegaram a ser concretizados”, lamenta.

Para os Emirados Árabes Unidos a Lipor vendeu um projecto de uma unidade de compostagem. “Neste mercado o grande problema é a concorrência”, esclarece Fernando Leite. Na Venezuela, onde a Lipor também queria chegar, ainda foi possível entabular negociações, mas por causa da instabilidade política tudo ficou sem efeito.

Já na área da formação ao nível de gestão de resíduos, além do Brasil, a Lipor conseguiu trabalhar com a Grécia e Hungria, países em que quer apostar. A ideia é trabalhar com mais países europeus de forma a garantir “legalidade”. 

O administrador delegado garante que a estratégia de internacionalização nunca passará por criar empresas descentralizadas no exterior, limitando-se a estabelecer parceiras com empresas locais. “É uma realidade que poderá atrasar o processo”, admite.

A oferta da Lipor é variada e adapta-se a qualquer realidade, mas Fernando Leite revela que há mercados que têm dificuldade em identificar o que melhor lhes convém. “Nem sabem pedir o que querem. Há países que estão ao nível que nós estávamos há 30 anos”, descreve. O volume de negócios gerado até agora com a internacionalização ronda os 750 mil euros e só em 2013 começou a dar frutos.

Ambiente Online

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Last modified on Sexta, 10 Abril 2015 22:01