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Quarta, 03 Junho 2015 17:31

Isabel dos Santos paga 200 milhões para ficar com 65% da Efacec

Estão fechadas as negociações para aquele que será o primeiro grande investimento de Isabel dos Santos na indústria portuguesa. A empresária angolana deverá concluir nos próximos dias a compra de uma posição maioritária na Efacec Power Solutions, apurou o Dinheiro Vivo junto de fonte próxima do processo, investindo 200 milhões de euros para comprar 65% do capital da empresa liderada por João Bento.

Num momento em que falta apenas a assinatura do acordo, sabe-se também que os dois acionistas da Efacec Capital, o grupo José de Mello e a têxtil Manuel Gonçalves, que detêm 50% da casa-mãe, ficarão com uma posição minoritária na Power Solutions, a principal unidade da holding. Caixa Geral de Depósitos e Millennium BCP, os principais credores, também já terão dado luz verde ao negócio.

A entrada da empresária angolana no capital da marca portuguesa já tinha sido adiantada em meados de abril, tendo sido referido o valor do investimento por uma posição maioritária. Este é o primeiro grande investimento de Isabel dos Santos na indústria portuguesa, depois das presenças na Galp Energia, NOS, BPI e BCP.

Com a conclusão deste negócio, a Efacec vai aumentar a presença em território angolano, local onde prestou serviços de engenharia, infraestruturas de telecomunicações, transformadores e aparelhagem eletrónica. A Unitel, operadora de telecomunicações da qual Isabel dos Santos é acionista de referência, a ENE (Empresa Nacional de Eletricidade) e a EDEL (Empresa de Distribuição de Eletricidade) são algumas das empresas clientes da Efacec em Angola.

Em maio de 2014, quando conduzia uma operação de reestruturação na empresa, João Bento assumiu, numa entrevista à Exame, a existência de uma nova estratégia de foco do negócio, com redução do endividamento e obtenção de ganhos de eficiência. A venda de uma série de operações, designadamente a ACS e a Efacec Power Transformers, nos Estados Unidos, ou a Efacec Energy Service, no Brasil, foram algumas das operações levadas a cabo para aliviar a dívida da empresa, numa altura em que Bento já antecipava que o futuro passaria pelo estabelecimento de parceiras e, eventualmente, pela entrada de um novo acionista.

Antes de se tornar conhecido o negócio com aquela que é considerada a mulher mais rica de Angola, segundo a revista norte--americana Forbes - com uma fortuna avaliada em 3,3 mil milhões de dólares (cerca de 3 mil milhões de euros -, a chinesa State Grid, maior acionista da REN, chegou a ser apontada como interessada em entrar no capital da Efacec. As negociações com a empresa produtora de componentes elétricos de Matosinhos terão chegado a entrar na reta final - o lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) do grupo José de Mello sobre a Espírito Santo Saúde (atual Luz Saúde) foi a principal razão, tendo em conta que a empresa necessitava de aliviar uma dívida que na altura se situava em 5,9 mil milhões.

O grupo José de Mello acabou por perder a OPA para a seguradora Fidelidade (detida pelos chineses da Fosun) - e a entrada da State Grid fica agora completamente afastada, com a oficialização da operação que envolve Isabel dos Santos.

Dinheiro Vivo