A BMI diz que "qualquer recuo na despesa do governo na agenda de desenvolvimento social pode originar protestos" em Angola, "mas as autoridades parecem estar cientes disto"
A consultora Business Monitor Internacional (BMI), do universo da americana Fitch, avisa que a descida no preço do petróleo "terá como efeito o aumento do custo de vida, o que vai alimentar o descontentamento popular e aumentar as tensões" em Angola.
No relatório sobre o ambiente empresarial em Angola a que a Lusa teve acesso, a BMI nota que "apesar dos esforços do governo, o petróleo continua a representar a parte de leão das receitas do país e a maioria das exportações".
Após "a expansão económica da última década" a política não se revelou inclusiva, surgindo o país "entre os piores classificados nos índices de desenvolvimento humano e desiguldade de rendimento".
Este ponto serve para sustentar a previsão de que "no futuro, a queda das receitas tem o potencial para minar a capacidade do governo de gastar dinheiro nos programas sociais e infraestruturais", encarados como "cruciais e politicamente sensíveis".
Programas sociais
Apesar da perspetiva de corte nos subsídios públicos aos combustíveis, a BMI acredita que a decisão "não deve ter um impacto negativo no perfil de risco político do país", o que representa "um enorme contraste face aos protestos que surgiram no Sudão em setembro de 2013".
A reação em Angola a essas notícias "foi muda, reforçando a ideia de que os segmentos mais ricos da população são os que mais beneficiam" desses subsídios. Mas "um corte na despesa pública destinada a programas sociais e ao desenvolvimento da sociedade pode ter um efeito mais ruidoso entre a população", alerta o documento.
A BMI diz que "qualquer recuo na despesa do governo na agenda de desenvolvimento social pode originar protestos, mas as autoridades parecem estar cientes disto".
Segundo os analistas da consultora, o executivo apostará no aumento do défice público para compensar a manutenção da despesa social. Tal política "pode ser sustentável a médio prazo através do aumento do financiamento através da dívida pública".
Expresso.sapo.pt